Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

O que se espera

Publicado em 27/12/2022 às 13:58.

Os brasileiros certamente sabem que 2023 não será um calendário fácil, principalmente depois dos exageros registrados no período eleitoral, que deixaram uma herança de acentuada desconfiança em torno proximamente dos destinos nacionais. Implantado um clima de intolerância, que chegou a vislumbrar ensaios de insurreição entre alguns setores contrários aos resultados do pleito, resta enfrentar o tempo e os desafios a virem, com espírito público, comedimento e patriotismo.

Um ex-ministro, em artigo em jornal belo-horizontino, manifestava-se, recentemente, que há dois consensos entre economistas experientes sobre o futuro próximo: a economia global caminha para recessão e a economia brasileira não crescerá em 2023.

Explica: O Brasil já está sem crescer há algum tempo, devido tanto ao pífio desempenho de sua produtividade quanto à irresponsabilidade na condução da gestão fiscal.

No entanto, embora o cenário seja notoriamente desafiador, não se deve, nem se pode exagerar no pessimismo, que se tornaria elevado, fator de aviltamento do ambiente já desfavorável previsto em nível mundial. Estamos em momento de alerta.

Como escreveu, há dias, o jurista Sacha Calmon, temos o dever de enfrentar a fome que faz sofrer mais de 30 milhões de conterrâneos, mas o combate a ela e à pobreza não pode, em nome da coerência lógica descambar para a irracionalidade fiscal e o desrespeito ao teto de gastos. A dívida negativada das pessoas com bancos e cartões de crédito era de cerca de R$ 99 bilhões. Já dívida não bancária, isto é, com luz, água, crediário no comércio, como armazéns, passava de R$ 205 bilhões em julho. Como estará hoje? O débito atinge metade da população do país.

E a Covid ainda não se foi, continuando a atormentar s existência do cidadão. Segundo a OMS, a pandemia pode terminar no ano que vai começar. Pode, mas não é certo. Além de fome, doença. Nosso povo sofre.

Eu me pergunto como, em meio às dificuldades que atravessamos, ainda há quem se dispõe a participar do carnaval ou dos semanais fins-de-semana, principalmente os prolongados, integrando-se a blocos ou grupos de pessoas que enfrentam perigos de múltipla espécie. Quem quiser saber quais são, basta ver os programas de TV ou recorrer à editoria de polícia dos jornais. Quantos desvarios! A morte está de espreita.

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