Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

O tempo incerto

Publicado em 07/10/2023 às 06:00.

Técnico em Meio Ambiente e Recursos Hídricos, José Ponciano Neto é ecologista provido das crenças hereditárias. Deste modo, consegue prever para prover, como aconteceu em 29 de setembro, Dia de São Miguel Arcanjo, o anjo vencedor das forças do mal. Como tradição neste finalzinho do nono mês do calendário, vêm as primeiras chuvas em extensas regiões do Brasil, o que significa muito de bom para os parques florestais e reservas gerais, já enfrentando as queimadas que começam pelo meio do ano. 

É quando aparece, segundo o técnico, São Miguel, com sua espada empunhada, trazendo chuva para extinguir o fogo, defendendo a natureza dos ataques acidentais e dos inimigos de Deus, os pironíacos humanos. No Norte de Minas, onde vive Ponciano, após temperaturas extremas de quase 40 graus, chegaram bravas as chuvaradas, como advertido pelo portal montesclaros.com, não faltando a trovoada e os raios, numa espécie de fundo de cenário na Colina de Dona Germana, ou dos Morrinhos, em Montes Claros.

Enfim, estas são as condições em que nos encontramos neste segundo decênio do século XXI. O respeitável inventor Ray Kurzwell preconizava que, um dia, os seres humanos seriam capazes de viver para sempre. Imagina que o ritmo da mudança seria tão assustadoramente rápido que ninguém seria capaz de acompanha-lo, a menos que se aumentasse a inteligência humana, fundindo-a com a tecnologia inteligente que se criava. Os computadores teriam consciência em apenas 25 anos por volta de 2030 (agora falta pouco) não haveria diferença significativa entre a inteligência de humanos e máquinas. 

Previa mais: graças a esses e outros avanços, os cegos poderiam novamente enxergar (com olhos biônicos), os paraplégicos e amputados andariam, com próteses comandadas pela mente, genes de doenças como diabetes, Alzheimer ou Parkinson poderiam ser desligados e terapias seriam executadas por mini robôs em viagem insólitos rotineiros pelo nosso organismo. 

Aí, porém, avaliava o inventor, já não se saberia se ainda continuávamos como seres humanos. Neste ínterim, vamos levando a existência possível, com todas as limitações com as quais não nos conformamos, com companheiros da espécie se contrapondo a nossos desejos e anseios, e a natureza fazendo das suas como agora, neste tempo incerto e seguidamente doloroso. Acho que é assim, Ponciano. 

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