Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Outra vez Venezuela

Publicado em 31/07/2024 às 07:00.

Transcorridas as primeiras horas e os dias pós-eleições na Venezuela, ficaram as perguntas que naturalmente surgiriam, considerado o ambiente no país. Afinal, quem venceu e quem perdeu? O Conselho Nacional Eleitoral informava que Nicolás Maduro, presidente em exercício, alcançara 51,2% dos votos; Maria Corina Machado, líder da oposição (que não chegara sequer a ser candidata), dava sua versão: Edmundo González, do outro lado do pódio obtivera 70%.

Corina Machado não titubeou: afirmou possuir informações e atas que comprovam a vitória de González, mas o resultado oficial impõe a recondução de Maduro para mais seis anos de mandato, de janeiro de 2025 a janeiro de 2031, ainda que em meio a críticas internacionais sobre a legitimidade do processo.

O mundo, que observa a situação na Venezuela desde a época de Hugo Chavez de antemão achava que o pleito era jogo de cartas marcadas. Mas há muitos e muitos anos, vinha sendo assim e se admitia, quem sabe? – que desta vez, a situação seria outra e a oposição poderia achar caminho.

Aliado, o presidente da Bolívia, Luis Arce, parabenizou Maduro e celebrou a “vontade do povo”. O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, pediu uma auditoria dos resultados. O presidente do Chile, Gabriel Boric, declarou que seu país não reconhecerá resultados não verificáveis; a China, como  se esperava, felicitou Maduro e destacou a parceria estratégica.

Costa Rica e Estados Unidos expressaram preocupações sobre a transparência do processo eleitoral e o secretário de Estado do Tio Sam enfatizou a necessidade de uma contagem honesta e transparente de votos.

Curiosa a posição do Chile, cujo presidente é socialista: “É difícil crer nos números anunciados por Caracas”. Ele exige transparência no processo de apuração dos votos e a participação de observadores internacionais “não comprometidos com o governo”, terminando por afirmar que seu país “não reconhecerá resultados não verificáveis”.

Venezuelanos em Brasília manifestaram desejo de mudança com as eleições. Entre eles, o jornalista Manuel Quilarque, que viajou de São Paulo à capital federal, para depositar seu voto. Declarou: “Estamos muito esperançosos para recuperar a liberdade em nosso país”. 

No Brasil, onde vivem cerca de 500 mil venezuelanos, apenas 1.059 conseguiram registro. A advogada Paula Marcondes não depositou seu voto em urna e sonhou: “A minha expectativa é que, finalmente, depois de 24 anos, a gente consiga mudar alguma coisa para melhor”. Mas tudo ainda é duvidoso e tenso.

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