Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Pergunta: e agora?

17/05/2021 às 18:15.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:57

Nem aparentemente o Brasil vive uma fase de normalidade, quando já se teme pela terceira onda da Covid, enfermidade que já deixou mais de 420 mil mortos e caminhando para chegar aos 600 mil, como preconizado por autoridades médicas de todo o mundo. Estamos nos afundando na areia movediça de medidas incorretas, extemporâneas e mal aplicadas, quando o todo sofre lamentáveis e dolorosas consequências. 

Como está a reforma administrativa? Ou a tributária? E o programa de privatizações? E a luta contra a corrupção? Como está o preço dos produtos indispensáveis à mesa diminuta dos não assalariados? E os que não chegam a receber o mínimo? O Tesouro, isto é, a contribuição dos cidadãos, até quando conseguirá manter a ajuda emergencial dos vulneráveis? Há um manancial imenso de perguntas a formular. Quem irá responder confiavelmente?

Para o professor Cristovam Buarque, a partir dos anos 40, o processo histórico brasileiro passou a ser orientado por economistas. Graças a eles, a mente brasileira adquiriu paixão pelo crescimento econômico. “O resultado foi a transformação radical da sociedade brasileira, decorrente da modernidade técnica. Mas não conseguimos implantar uma modernidade ética: a pobreza persistiu, o PIB per capita continuou perto do 80º do mundo, cidades se tornaram “monstrópoles”, a renda continuou concentrada, o crescimento econômico estacionou.

Aduz Cristovam: “Nos anos de 1960, a ditadura impôs o caminho, ao custo de concentrar renda, destruir florestas, fazer represas com desequilíbrio ao meio ambiente, substituir hidrovias e ferrovias por rodovias. Embora por razões morais, alguns economistas  se opuseram ao rumo imposto pelos economistas da ditadura, não demorou para que a modernidade apressada voltasse a estacar”.

O economista Roberto Brant, que foi ministro da Previdência, comentou: “Tenho relembrado sempre que o Brasil durante a maior parte do século 20 viveu um crescimento rápido e duradouro da sua renda por habitante, prenunciando que, em breve, chegaria ao restrito clube dos países avançados. De repente, logo a partir dos anos 1980, essa trajetória virtuosa foi interrompida e, a partir daí, pelos seguintes 40 anos, passamos a crescer sempre abaixo do crescimento dos países ricos, tornando cada vez maior a distância entre nossas economias”.

É Roberto Brant ainda quem diz: “Há muito o crescimento econômico deixou de ser a principal pauta dos governos. Em uma época, a escassez de dólares e a limitação da capacidade de importar impuseram restrições reais ao crescimento”.

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