As gêmeas Iná e Ani, de Uberaba, assistiram ao filme “Ainda estou aqui”, que entrou definitivamente para a história da sétima arte. Não silenciaram: “A atriz Fernanda Torres deu um show de interpretação, atuando como a personagem Eunice Paiva, advogada, ativista, esposa do político Rubens Paiva, durante a ditadura militar. O ator Selton Mello não ficou atrás em sua interpretação”.
A dupla feminina da grande cidade do Triângulo Mineiro vai além em suas considerações, tanto que julgo oportuno reproduzi-la, aqui e agora:
Eu e Ani, através da sétima arte e da literatura, gostávamos de debater ideias, cenas e mensagens que os filmes trazem. Era no Cine Palace que assistimos às duas sessões para observar detalhes que não percebíamos na primeira. Esse hábito de assistir as duas vezes era mais entretenimento, era um portal para a compreensão mais profunda das histórias da cultura. Lembranças inesquecíveis quando assistimos a “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte; “Terra em Transe”, de Glauber Rocha; o divertido Mazzaropi e outros mais. Filmes históricos internacionais como “A Ponte do Rio Kwai”, “A lista de Schindler”, “Psicose”, “Os Miseráveis”, com trilhas musicais encantadoras.
Aqui mesmo em Uberaba, no livro premiado do acadêmico do Triângulo Mineiro, dr. Paulo Fernando Silveira resgatou a história de Preta Ana.
A heroína Hipólita Jacinta Teixeira de Melo merecia maior visibilidade. Sua participação na Inconfidência Mineira mostra uma mulher à frente do seu tempo. A única mulher a participar desse movimento de libertação, com o qual poderia até ter sido evitado se não tivessem interceptado suas mensagens.
Expandir filmes sobre histórias de Maria Quitéria, Anita Garibaldi, Chiquinha Gonzaga, Dandara dos Palmares, Tarsila do Amaral, Nísia Floresta, a intelectual educadora e escritora, defendendo a emancipação da mulher e a educação feminina no século XIX, muitas ocultas no silêncio. Mulheres como operárias de fábrica, as benzedeiras, matriarcas do sertão e tantas outras que, mesmo sem títulos e sem voz, foram verdadeiras heroínas.
Trazer histórias reais para as telas amplia a percepção e fortalece a identidade nacional. O filme “Ainda estou aqui” pode ser o recomeço de narrativas que nos incentivem a reapreciar as produções cinematográficas brasileiras”.