A crise no Brasil por força do problema ambiental se generalizou. Aqui entre nós, parecia uma questão de determinados grupos de pessoas e entidades que se batiam pela preservação de nossas reservas florestais. Transformou-se num imenso desafio, com envolvimento internacional, principalmente diante da intolerância da União. Esta, incrível, julga que nossa política para o setor é exemplar.
O elevado número de incêndios em todo o território nacional, por força de prolongada seca, não exime Brasília de responsabilidade nos casos mais específicos da Floresta Amazônica e do Pantanal. Pelo contrário, adverte para o período político que atravessamos e para a necessidade de adoção de medidas, drásticas e urgentes, capazes de dar fim à amplamente anunciada.
É sabido que uma das causas da hora difícil que nossa economia atravessa decorre da política ambiental praticada, considerada desastrosa. E por que não mudá-la? Quais os motivos que o impedem? Não há confiança nas propostas até aqui emanadas do Planalto, que esboroam naturalmente, uma vez discutidas entre os técnicos e os parlamentares.
O pedido de afastamento do ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, formulado pelo Ministério Público Federal, dança nas altas esferas da Justiça. Ele - dos mais ligados ao presidente da República - é acusado de cometer improbidade administrativa, em atos e omissões, demonstradores da dolosa política ambiental de sua pasta.
Até quando vamos bailar de lá para cá, de cá para lá, com os ingentes problemas da nação - e, se é dela, é do povo?
Economias europeias não têm mais interesse em investir no país e podem cortar de vez ajuda na proteção de nossa riqueza vegetal. Sobre o fato, o ex-ministro Rubens Ricupero deu longa entrevista à TV Assembleia, na noite do último domingo. Ele confirma a posição equívoca do governo Bolsonaro quanto à questão ambiental. Prevê ainda dificuldades no levantamento de meios financeiros para preservar o meio ambiente, se se mantiver a atual política do Planalto. Enquanto isso, o ministro, altamente prestigiado, percorre o país sem se explicar convenientemente. Para ele, o silêncio é de ouro, para as demais partes interessadas, dá-se o contrário. Vamos levando, enquanto a boiada passa, como ele declarou na malfadada reunião ministerial de 22 de abril.
O assunto é dos três poderes da República. Disse o ministro Luís Roberto Barroso, do STF: “Uma das nossas premissas importantes é a de que a proteção ambiental não é uma escolha política – é um dever constitucional”.