Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Preservada memória de Israel

07/07/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:25

Valioso acervo, composto por milhares de cartas, documentos, fotos, mapas e cartões-postais, que pertenciam ao ex-governador Israel Pinheiro, será transferido ao Arquivo Público Mineiro. Esse importante organismo estadual localizado na avenida de Belo Horizonte que tem o nome de seu pai – João Pinheiro – serve de acesso ao Palácio da Liberdade. Deste modo, aliás, o rico material ficará conservado e à mostra na sede do arquivo, em que o próprio Israel realizou obras durante sua gestão como governador.

A doação foi objeto de cerimônia no último dia 27, na própria sede do APM, a partir de quando o precioso material passou à Secretaria de Estado da Cultura. Na pasta gerida pelo secretário Ângelo Oswaldo, garante-se a guarda permanente e sua disponibilização para consulta e pesquisa. 

Quem se der ao cuidado de dedicar algum tempo a conhecer Israel, perceberá sua importância para seu estado natal e o país. Como secretário na administração de Benedito Valadares, projetou e realizou obras que engrandeceram e abriram novas perspectivas para a antiga província.

Interessante constatar sua preocupação com a comunicação, visando divulgar nossa riqueza. Assim, construiu a Feira Permanente de Amostras, uma exposição sempre aberta para os visitantes de Belo Horizonte. Lá está, agora e ainda, o Terminal Rodoviário, também construiria na chefia do Executivo.

Instalou no antigo complexo da Feira a Rádio Inconfidência, por ele fundada para servir como instrumento integrador de nossa gente e orientador das populações interessadas sobre problemas da agricultura e da pecuária. Criaria no Palácio, a TV Minas, que fez funcionar. 

Como governador, pavimentou o acesso rodoviário à Serra da Piedade, recuperou o teatro elisabetano de Sabará, assumiu a empreitada das obras do Palácio das Artes, que tanto honra os mineiros, construiu a nova sede do IPSEMG e o Pronto Socorro que aí está a serviço da população. E, ainda, criou a Fundação João Pinheiro e a Prodemge, demonstrando interesse seu em engajar na modernidade a máquina do estado.

À guisa de ilustração relacionei alguns de seus feitos, sem sequer me referir à sua atuação, como presidente da Vale do Rio Doce, deputado federal, presidente da Novacap- encarregada de erguer a nova capital federal.

Como governador, há de se ressaltar que toda sua ação se fez a despeito das dificuldades enfrentadas com Brasília, não considerado com simpatia por ter sido eleito contra a vontade do Planalto. Nada o intimidou e conviveu com altivez e independência naquela época difícil. 

A catalogação de todo o rico material fora doado contou com a colaboração de Vera Pinheiro, sua nora, e sua filha Maria Paula Pinheiro. O empreendimento foi viabilizado por um projeto da Associação Cultural do APM, com adequação às exigências metodológicas arquivísticas.

Só fotografias são 3.500, retratando episódios da história mineira e brasileira no século XX. Daí, Thiago Veloso Vitral enfatizar a valia da “preservação da memória de um importante período da nossa história”. 

Estou certo, pela convivência pessoal que tive com Israel, que ele se sentiria, vivo fosse, feliz com a iniciativa, e como ele, se concretizou. Ainda bem. 

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