Chegado o tempo da posse e da transferência do poder aos eleitos. Tudo tão democraticamente como possível num país como o nosso, com a população que temos e a consciência de saber discernir entre o bom e ruim, entre o honesto e o desonesto, como aliás sempre foi, consoante as condições que atravessamos – de doente crônico, como aqui comentou o professor Antônio Álvares da Silva, em agosto último.
Os problemas permanecem, embora se modernizem. Os meios, táticas e estratégias avançam, porque não temos como resolvê-los. O próprio mestre de direito de nossa Universidade Federal de Minas Gerais, na gloriosa Praça Afonso Arinos, raciocina e comenta:
“E a solução? Não há nem são previsíveis. Todos os planos sociais acabam no nada ou em desordem. Veja-se a boa ideia do Bolsa Família, salário desemprego e, por fim, toda a Previdência Social. Por melhor que seja o serviço que prestam, tudo cairá na insuficiência, porque tudo é pequeno ante a enorme carência dos meios sociais e econômicos”.
O baixo nível dos concorrentes a determinados cargos públicos, a partir dos eletivos, contribui substancialmente para a situação incômoda e dolorosa que vivemos. O jornalista que assina a coluna da página 2, por exemplo, Leandro Mazzini, fornece elementos para julgamento com a simples citação de um fato corriqueiro: o apelo a “valiosas” qualidades a candidatos no último pleito.
“Continuou o festival de bizarrices nominativas nas urnas para deputados estaduais. Há a ala dos baixinhos: Tampinha Bittar (SD-AC), Baixinho o Garotinho (PPS-AM), Baixinho do Grêmio (PRTB-RR), Pindukinha (SD-PA), Miúdo Morro Tentando (PV-RR), segundo levantamento da coluna. Existe também Alceu Dispor 24 Horas (MDB-GO), Escurinho (PSOL-PB), Nem Dos Óculos (PPS-PB), Pantera (DEM-PB), Sorvetão (PCdoB-PB), Zé Bonitinho (PSC-PB), Genário Menino do Cavalo (PSDB-PE), Jura da Bica o Amolado (PP-PE), Tânia Mãe do João (PSC-PE), Tieta do Agreste (Patriota-PE), Vovô da Feijoada (Patriota-PE)”.
Por aí se pode avaliar as condições de defenderem os interesses da comunidade, embora também sobrevivam aqueles suficientemente conhecidos não pelos títulos que ostentam. Ninguém se atreve, suponho, a apelar para o título de ladrão de galinhas ou integrante da coleção dos mensaleiros, dos quais poucos foram descansar atrás das grades.
No entanto, a despeito de tudo e da firme disposição dos cidadãos conscientes desta nação, não são poucos os inaptos ou ineptos que alcançam o pedestal nos plenários públicos para representar a coletividade. Daí, o festival de incapacidades e de cidadãos de duvidoso ou notório mau-caráter que lá se assentam.
Ou o nosso povo aprende ou terá de sofrer os padecimentos por que passa, sem saber, talvez, que o grande responsável pelos seus reveses ou dores é ele mesmo.