Se perguntarem sobre Eugênio Giovenardi, em Brasília principalmente, não se deixará de encontrar resposta nos meios intelectuais: ocupa a cadeira 19 da Academia de Letras do Brasil, de que é patrono Dyonélio Machado. Mais do que isso, é um ardoroso defensor do meio ambiente, da capital como sonhada por seus fundadores e construtores, e autor de vários livros sobre o tema.
E mais: hóspede da Biocomunidade Sítio das Neves, em regeneração, que não tem fins lucrativos ou comerciais, situada no km 26 da BR-060, ainda Distrito Federal, à margem esquerda.
Membro da Associação Nacional dos Escritores escreveu um livro sobre “Ecossociologia” e outro sobre “Ecologia”, nova forma de propriedade.
Por aí se terá uma ideia de quem seja, mas ele acrescenta muito com seu novo livro “À procura da Brasília perdida, cidades e ecossistemas”, recém-lançado pela Kelps. Em artigo de dois anos atrás, ele confessa inicialmente: “Comecei a amar Brasília antes de vê-la andar. Explica-se. Amei-a, quando a conheci, estendida sobre o tapete verde do Planalto Central cortado por riscos de terra vermelha, nas solidões das noites longas do sertão goiano, repousava Brasília à espera de seu futuro. Amei-a na superfície do Cerrado, sem conhecer o que se escondia debaixo dele".
A despeito desse amor pela nova capital que se implantou no planalto via Juscelino e seus denodados seguidores, nem tudo funcionou como deveria, na visão de Giovenardi, a desigualdade geográfica e ambiental, desigualdade na interdependência dos seres vivos, com atitudes e comportamentos irracionais da espécie humana, resultando na extinção de muitas delas atropeladas nas rodovias.
E há muito mais, que preocupa e deve merecer a atenção e as medidas competentes respectivas do poder público. Uma é a subtração de funções naturais dos 350 mil hectares desmatados do Distrito Federal, empobrecendo o ambiente em mais de 10 milhões de toneladas de oxigênio limpo diário. Nesta hora em que tudo se preocupa com a purificação do ambiente, não é lícito descurar.
Mas ainda não só: existe perda na diminuição dos volumes de infiltração de água no solo, em virtude do desmatamento e da urbanização intensa, que desrespeita a capacidade de suporte dos espaços físicos. Consequência: com menos vegetação, os períodos causam erosão do solo e assoreiam-se os rios.
Conclusão: temos de repensar Brasília, com urgência.