Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Sem dizer adeus

Publicado em 07/09/2022 às 06:00.

Animação, tão pouco vista em datas anteriores, faz-me pensar que o brasileiro se empolgou realmente com a data da Independência neste ano da graça de Deus 2022 da era cristã. De um instante para outro, esqueceram-se as multidões em torno de festivais de múltipla  natureza, as ruas se encheram, os alto-falantes espalharam a longas distâncias sons pouco sentidos em ocasiões outras.  

Patriotismo? Para expulsar para bem longe o choro dos que perderam seus entes queridos durante a terrível pandemia da Covid-19? Ou as eleições de 2 de outubro se superpuseram às perspectivas ainda não suficientemente claras da economia? 

Quase 700 mil pessoas perderam a vida em dois anos e meio. Não é algo que se olvide de um momento para outro. Que o digam as famílias enlutadas e ainda em pranto pelos que partiram na viagem sem volta.

Que esperaremos de 2023, já que o ano presente evolui a findar? Entre janeiro e julho, 14 mil pessoas encaminharam à Receita Federal a declaração de saída definitiva do país. É como redigi: definitiva! São brasileiros que anularam a expectativa de dias melhores neste que é o maior país do hemisfério Sul do Novo Mundo? 

A ida de brasileiros para o exterior, especialmente para os Estados Unidos, ocorreu com força no ano passado, devido a piora da crise econômica no nosso país e a liberação das pessoas vacinadas contra a Covid-19.

Aconteceu aviso prévio de adeus em apenas sete meses, representando também 90% do total do ano precedente. Um jornalista pergunta: o que explica esse movimento tão acentuado? 

Quem indaga também responde. Certamente, o ceticismo com relação a um futuro melhor por aqui, depois de mais de 200 anos de Independência e 500 de descobrimento. O fluxo, contudo, não surpreende ou assusta. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, 4,2 milhões de brasileiros vivem em terras estrangeiras. 

Será que os que se vão de vez do Brasil o fazem por pressão da fome, que se amplia por novos quadrantes do território nacional? Mas, o que podem esperar, se também outras nações se acham ameaçadas por semelhantes catástrofes humanitárias? 

O avanço da pobreza não é fenômeno restrito ao Brasil e às nações em desenvolvimento. Precisamos de devoção à igualdade, fundamentada na Justiça Social.  É um primeiro passo.

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