Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Sem ordem, nada feito

30/04/2018 às 16:56.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:36

O Brasil tem mais de 8 milhões de quilômetros quadrados de extensão, informação que restou grudada à memória desde os tempos de ensino elementar. São hoje mais de 200 milhões de habitantes, que enfrentam inúmeros problemas e fazem reivindicações, o que é direito de todos. 

No entanto, por múltiplas razões que não cabe detalhar, as demandas não podem ser resolvidas de uma hora para outra, mas há pessoas e grupos que se aproveitam da situação para, sob o vulnerável manto de agilização de soluções, incitarem à violência ou à prática de atos ilícitos, sob desígnios incompatíveis com nossos foros de civilização. Só se alcançará progresso efetivo e duradouro, ou perene talvez, dentro da lei e da ordem. 

Teço estas considerações em face dos recentes episódios registrados no Norte de Minas, onde um grupo, que se diz liderado pelo Movimento Nacional dos Trabalhadores Sem-Terra, tentou invadir a Fazenda Bom Jesus, de 200 hectares, na região de Toledo, a cinco quilômetros do perímetro urbano. Acontece que a área era, e é, de propriedade da Codemig, Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais e destinada à implantação de um projeto industrial. 

A população local segue o exemplo do passado, desde que ali se estabeleceu Simão Toledo Pizza, descobridor da região. Instalou-se e as gerações seguintes se mantiveram operosas, mas altivas. Foi o que demonstrou agora.

Pormenoriza-se: 80 pessoas tentaram invadir a fazenda, mas foram impedidas por cerca de 120 produtores, designados “Segurança no Campo”. Os sem-terra chegaram de manhãzinha, iniciaram a limpeza do terreno para montagem de barracas. Os produtores se mobilizaram e se deslocaram para lá, levando tratores e veículos para impedir a entrada dos bens dos quase invasores.

O clima, como se havia de esperar, ficou tenso, mas a PM chegou. Um dos proprietários da terra retirou a bandeira do MST do mastro e colocou a do Brasil. Ofensas várias, desavenças, mas diante dos policiais militares voltou a calma. Somaram-se esforços, com participação do Sindicato Rural e da Pastoral da Terra. Os chegantes aceitaram deixar o local pacificamente, dirigindo-se para um acampamento já existente, na Fazenda Sanharó. Um dos fazendeiros declarou: “se os sem-terra tentarem invadir nossas propriedades com violência, teremos que reagir à altura. Não é isso que queremos”. 
Outro produtor rural afirmou: “os fazendeiros do Norte de Minas resolveram se unir para defender o direito à propriedade. Não vamos permitir que marginais– os fora da lei – estejam acima dos cidadãos de bem, que trabalham e produzem”.

O produtor Wilker Lima informou que os integrantes do movimento estão sempre atentos à movimentação do MST na região para uma reação rápida. “Nossa arma é a presença nas propriedades”, afirmou Wilker, lembrando que os produtores querem evitar os conflitos com os sem-terra. “Só queremos respeito à propriedade privada no campo, da mesma forma como existem propriedades privadas como casas, apartamentos e terrenos na área urbana”. Ninguém deseja ser surrupiado do que lhe pertence e custou muito esforço e sacrifício.

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