Foi uma renhida disputa entre dois excelentes candidatos à Academia Mineira de Letras, uma das mais ferrenhas ali desferidas nas últimas décadas. E observe-se que se comentam até hoje os embates por uma vaga na casa de Vivaldi, um paladino, incansável para dar-lhe o devido lugar no cenário das letras brasileiras.
Para a cadeira ocupada pelo imortal Aluísio Pimenta, que passou pelos mais elevados cargos na sua atuação como professor e batalhador por nobres causas, exigia-se sucessor à altura e ao pleito compareceram dois candidatos: Luiz Carlos Abritta, procurador de Justiça de Minas, Juiz do TRE, presidente da Associação Mineira do Ministério Público, conselheiro e presidente do Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil-MG, nas atividades jurídicas; e na área literária, ele – filho de Oswaldo Abritta, um dos componentes do Grupo Verde, de Cataguases, com dez livros publicados, presidente e presidente emérito da Academia Municipalista, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, e da Société Académique des Arts, Sciences et Lettres?, de Paris, dentre outros títulos.
O segundo concorrente à cadeira 17 era Ibrahim Abi- Ackel, doutor em direito, deputado na Assembleia Legislativa e federal por vários mandatos, relator-geral da Constituição, ex-líder da Maioria e do Governo no Congresso Nacional, membro permanente da Comissão de Constituição e Justiça na Câmara Federal: secretário da Defesa de Minas e ministro da Justiça por cinco anos.
Professor, lecionou direito constitucional na Faculdade de Direito da PUC-MG. Integra o IAB-MG e de Brasília e tem conferências e artigos publicados, sem contar seus pronunciamentos parlamentares. De sua autoria são “Ruy e o Civismo”, “Novas Dimensões da Pena”, “A Reforma Penal” e “A caminho do Leste”, focalizando a polêmica questão do “Contestado Minas Gerais”, editado pelo Senado Federal em 2016, sendo membro ainda do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
O interesse pela sucessão de Aluísio foi tanta e tamanha que houve necessidade de um segundo turno, em que Ibrahim conquistou 20 dos 35 votos dos acadêmicos, enquanto Abritta contou com 15 sufrágios.
Feito o jogo, saiu o resultado. É assim a democracia, é assim na Academia. Ibrahim, com 90 anos, sobe as escadas da nobre mansão dos Borges da Costa na rua da Bahia, sede da entidade. E o palco do auditório que tem o nome de Vivaldi e cenário da posse.
Ganha a Academia quando dois bons disputam uma vaga em seus quadros. Tornam-se na linguagem popular – imortais. A perenidade está na Casa e nos ideais que moram no coração dos escritores e intelectuais que a fundaram em Juiz de Fora, no dia de Natal de 1909.
Hoje, a presidência é da acadêmica Elizabeth Rennó, que cumpre os princípios dos doze precursores, entre os quais Machado Sobrinho, Belmiro Braga, Dilermando Cruz e Amanajós de Araújo, e, depois, Nelson de Senna, Alphonsus de Guimaraens, Carlos Góes e tantos outros que honram a cultura de Minas. Enfim, segue a Academia, segundo o lema – Scribendi nullus finis.