Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Um bom que parte

17/10/2023 às 06:00.
Atualizado em 20/10/2023 às 11:00

Quando em Belo Horizonte se fala sobre Pediatria, logo surge o nome da Santa Casa. Explica-se e justifica-se: desde sua fundação em 1899, a instituição se tem dedicado  à causa das crianças com algum problema de saúde. Ademais, há uma série de casos raros que foram tratados com sucesso por seus médicos, de alto e comprovado conhecimento. Não se esquece, por exemplo, os casos de gêmeas conjugadas, isto é, de bebês nascidos unidos em um só corpo, e com êxito submetidas ali, as cirurgias de separação por suas equipes. Não sem razão, o maior número desse tipo de operação no hemisfério, mesmo no mundo, pode estar aqui. 

Por isso mesmo, é que se sentiu profundamente o falecimento, no último dia 3, do prof. Moacir Astolfo Tibúrcio, aos 81 anos. Era profissional dedicado a oferecer a melhor saúde a quem mais precisava. Sua biografia se confunde com a da Santa Casa BH onde, sem sombra de dúvidas, o seu trabalho foi fundamental como instituição de referência em cirurgia pediátrica no Brasil. 

Durante muitos anos foi chefe do Serviço de Cirurgia Pediátrica. Ao lado do dr. Manoel Firmato e do dr. Júlio César Amorim Sena, foi um dos fundadores do CTI Pediátrico da Santa Casa, o primeiro de Minas Gerais, motivo de orgulho no  tratamento de crianças e adolescentes, no atual Instituto Materno-Infantil Santa Casa-BH.

Sua paixão e dedicação à cirurgia o levaram e se tronar pioneiro em Urologia Pediátrica. Um legado que perdurará e serviu como fonte de inspiração para muitos outros. Em 2013, ao lado de vários autores, lançou pela Editora Sparta, o livro “Tratado de Urologia Pediátrica”, em que compartilha toda sua experiência com as próximas gerações. 

Em época em que a saúde pública, como conhecida hoje, ainda dava os seus primeiros passos, o dr. Tibúrcio foi pioneiro na criação dos mutirões de cirurgia pediátrica na Santa Casa BH, sensibilizando outros profissionais a aderirem à causa e, assim, transformaram vidas e diminuíram as filas de espera por tratamento de qualidade. 

Moacir Tibúrcio vivia a Santa Casa e seus pacientes. Quem o via pelos corredores do Hospital ou participando de delicadíssimas cirurgias não imaginava que ele mesmo sofria de diabetes e com uma úlcera oncológica no cólon. Em silêncio, em paz consigo mesmo, com Hipócrates, da Iha de Cós, na velha Grécia, com Deus. Agora pode descansar, como muitos ex-clientes que nele encontraram lenitivo para suas dores.  

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