Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Um período difícil

Publicado em 03/01/2023 às 06:00.

Manoel Hygino*

O novo governo da velha República tem início estigmatizado pelos desencontros das eleições realizadas em 2022 e que despertaram uma onda de dúvidas quanto ao futuro, acalentada duramente pelos temores legados por movimentos de pessoas e grupos associados ao quatriênio que terminou.

O brasileiro, agora desencantado com as perspectivas de um tempo mais pródigo e sadio, se revela ansioso por conquistar igualdade entre os segmentos da sociedade, nivelados no direito a uma vida digna material e espiritualmente. Pensa e remói incertezas.

O panorama mundial não é dos mais promissores, a América Latina novamente se envolve em perigosas expressões de desconfiança ou de desaprovação de seus dirigentes, e no Brasil, temos não poucas divisões e litigâncias, facilmente identificáveis pela mídia.

Aylê Quintão, jornalista mineiro radicado em Brasília, professor, com experiência em importantes veículos de comunicação e atuação no exterior, também se atribula diante das circunstâncias adversas da hora presente. Em recente artigo, manifestou-se: “Cerca de 13,7 milhões vivem abaixo da linha da pobreza extrema; milhões de trabalhadores estão desempregados; dez milhões são analfabetos. O saldo é de quase miséria e desigualdade, crescentes. Para a socióloga Renata Duarte, da UFPe, crianças nascidas em um contexto de pobreza têm maior probabilidade de se tornarem famílias pobres de amanhã. Todo cuidado é pouco. Não tiramos ainda a sorte grande. Recomenda-se calma. Nesse cenário ministerial confuso, não há e não haverá futebol nem Natal que salve o brasileiro. O Planejamento não resolve problemas, traça perfis. Sem bom senso, teremos de conviver ainda por muito tempo com um Brasil problemático”.

A Copa do Mundo se foi, os hermanos limítrofes ao Sul se consagraram, apesar de seus numerosos e difíceis desafios, inclusive da inflação que corrói orçamentos e destrói planos e sonhos. Para o Brasil, sequer sobrou a ilusão do próximo período carnavalesco e de fim de ano, já transcorrido, boicotado por salários baixos e, além e acima de tudo, com o espectro da Covid perambulando pelo grande território.

Não há soluções definidas e prontas para soluções em curto prazo. O novo governo, assentado há poucos dias, enfrentará uma guerra extensa e violenta em todos os quadrantes, enquanto os candidatos a cargos públicos na gestão recém-iniciada levantam as mãos e gritam: olha, eu aqui.

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