Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Uma obra impecável

Publicado em 18/11/2025 às 06:00.

Beja é cidade, sede de um conselho rural da província do Baixo Ribatejo, Portugal. Sua fundação se deve aos celtas, 900 anos antes de Cristo. Talvez tenha sido dominada pelos cartagineses, mas não resta dúvida de que os romanos a assumiram por muitos anos, consideravam-na importantíssima. Chamava-se, então, Pax Julia, porque à época houve paz naquele território que abrigava a Lusitânia.

Em 48 a. C., cessara a longa e áspera resistência dos lusianos, quando Júlio César celebrou a pacificação, concedendo regalos e direitos.

Em Beja, nasceu Leonor, cuja ascendência se devia a duas das mais poderosas dinastias europeias – da Inglaterra e de Portugal. Ocorreu o parto no dia 17 de novembro de 1458, numericamente dois dias após a proclamação da República no Brasil.

Com oito anos, já oficialmente seu destino fora selado, como mandava o protocolo, porque antes de tudo se buscava assegurar a descendência. Com doze anos, Leonor se casou com o primo e herdeiro do trono – o futuro D. João II, que antes dela faleceu.

O jornalista e escritor português Bruno Ferreira sobre ela escreveu: “Falo de uma mulher maior, de compaixão, da cultura, e detentora de interesses únicos de elevação, e que por isso marcou a história do nosso País”.

Teve apenas um filho, que morreu aos 16 anos, em acidente equestre. Rainha de sua pátria por 14 anos, deixou obras perenes, fortes hoje como há séculos. Entre elas, a fundação da pioneira confraria de Lisboa das Santas Casas de Misericórdia, em Lisboa, em 15 de agosto de 1498, com obras funcionando plenamente em quatro continentes. 

O complexo hospitalar de Caldas da Rainha, por ela criado e instalado, para tratamento como os de Araxá no Brasil, foi o primeiro no mundo na espécie e até hoje cuida de pacientes de todo o mundo. 

Leonor viveu o apogeu da expansão portuguesa, quando Portugal ocupou o lugar de potência mundial, e teve participação decisiva em empreendimentos que o povo português reconhece e atraem visitantes de todos os países do planeta.  Ela lutou pelos desvalidos, construiu conventos, patrocinou promoções artísticas e culturais, mas bastaria lembrar as misericórdias para perenizar a grandeza da obra que legou a seu tempo e à posteridade para se imaginar a relevância de sua atuação cristã, patriótica, social e humana.

© Copyright 2025Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por