Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Uma voz do sertão

10/02/2020 às 20:13.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:35

Mesmo reconhecendo o indiscutível talento literário de autores de outras regiões, não posso fugir à situação privilegiada nesse labor pelo Norte de Minas, que apresenta um elenco excelente em nomes que conquistaram justa projeção no Estado e no país. Alguns chegaram à glória da Academia Brasileira de Letras, e razões existiram para subirem os degraus do Trianon.

Há de se considerar, entre outros fatores, que as dimensões geográficas de Minas, aliadas ao seu poder econômico, lhe permite os da terra permanecer entre as montanhas, contando com veículos próprios de comunicação e editoras que partiram para outros caminhos ou – ainda – preferiram ali viver e laborar.

No âmbito estadual, sem menosprezar outros centros e regiões, ganha especial destaque o Norte mineiro, terra dos nascidos em chão roseano e pelos que assentam praça nas cidades de maior expressão no vasto território. Ali, montaram o seu QG para alcançar os públicos mais próximos ou enveredar pelos da capital e de outros flancos da velha província, outrora a mais populosa do Brasil.

Itamaury Teles de Oliveira é um deles. Nascido em Porteirinha, começou o itinerário na cidade mais importante, que é Montes Claros, onde ingressou na imprensa aos 16 anos. Participou da Fundação da Academia Juvenil de Letras do Norte de Minas e de folhas estudantis, como me informo pela orelha de um de seus livros. Editou um “house organ” do Sesc, fundou e dirigiu “O Brejo”, de Francisco Sá.

Simultaneamente, fez Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG e advocacia, além de mestrado em Administração pela Federal, defendendo tese, em 2004. Não ficou nisso. Exerceu cargos de assessoria superior em Brasília, ingressou no Banco do Brasil como principal gestor em agências do interior e da capital.

É muito título para pequeno espaço. Repito o que consta da segunda orelha de um dos seus livros: Foi agraciado com prêmio internacional pela elaboração do melhor Plano de Negócios (Outstanding Business Plan), no Moot Corp Latin American, competição realizada pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, em março de 2003. Em 2004, participou de curso de verão sobre a economia da União Europeia, na Universidade de Schmalkalden, na Alemanha, onde proferiu palestra sobre o Mercosul. Como professor universitário e de cursos de pós-graduação, lecionou nas Universidades Estadual de Montes Claros, Federal de Minas Gerais, Federal de Juiz de Fora e na Católica do Leste Mineiro.

Edita a Revista da Academia Montes-clarense de Letras e o site noticioso e cultural “Minas Livre”. É membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, tendo participado da primeira diretoria da entidade. Ocupa a cadeira nº 4 da Academia Montes-clarense de Letras e é membro Honorário da Academia de Letras, Ciências e Artes do São Francisco (Aclecia).

Mas não deixou a imprensa escrita: autor de “Balangador de rede”, “Doce prejuízo”, “Noturno para o Sertão”, “Urubu de Gravata e outras crônicas”, no campo das Letras, utiliza exemplarmente o vernáculo e delicia com textos atraentes, reveladores do “elevado grau de domínio artístico do autor na manipulação de seu ponto de vista”, como se manifesta o historiador Petrônio Braz.

Já andou muito e muito caminho resta à frente. Não lhe faltam méritos e condições.
 

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