Dengue, uma doença endêmica no Brasil

Liliana Ferreira Fernandes*

A dengue é uma doença endêmica no Brasil e se tornou um desafio constante para as autoridades de saúde pública. Em Minas Gerais, um dos estados mais afetados pela doença, a epidemia de dengue tem causado preocupação e mobilizado esforços para conter a propagação do vírus. Isso se deve ao aumento significativo no número de casos da doença e de mortes relacionadas a complicações causadas pelo vírus. 

De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, em fevereiro de 2024 Minas Gerais havia registrado mais de 310 mil casos prováveis de dengue (casos notificados, exceto os descartados). Na expectativa de conter o avanço da doença, especialmente os casos mais graves, o Brasil se tornou o primeiro país a incorporar o imunizante Qdenga no sistema público de saúde. Entretanto, devido ao número limitado de doses, a vacina atingirá apenas um grupo específico e regiões prioritárias.

De acordo com o Ministério da Saúde, o esquema vacinal será composto por duas doses com intervalo de três meses. Em Belo Horizonte a vacinação iniciou na última terça-feira (27), tendo como público-alvo crianças e adolescentes de 10 e 11 anos que, para receber o imunizante, devem estar acompanhados dos pais ou responsáveis legais, além de portar documento de identificação e cartão de vacina.

A falta de infraestrutura adequada para o saneamento básico e a coleta de lixo em algumas regiões do Estado contribui para a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, principal vetor de transmissão da dengue. A falta de conscientização da população sobre a importância da prevenção e do combate ao mosquito é outro fator que dificulta o controle da epidemia. A situação é agravada pela presença de outros sorotipos do vírus da dengue, o que torna a população mais suscetível a desenvolver formas mais graves da doença.

Diante desse cenário preocupante, as autoridades de saúde têm intensificado as ações de combate à dengue em Minas Gerais, com a realização de mutirões de limpeza, campanhas educativas e distribuição de materiais informativos. Além disso, tem sido reforçada a orientação para que a população busque atendimento médico ao surgirem os primeiros sintomas da doença, evitando assim complicações mais graves. Na capital estão disponíveis, em caráter emergencial, 24h por dia, as unidades de reposição volêmicas (URV), além das unidades de atendimento às arboviroses (CAA), que objetivam atender pacientes com quadro de dengue. A prevenção é a melhor solução para a situação emergencial que estamos vivendo, então cuide do seu quintal, use repelentes, vacine-se quando chegar a sua vez.

* Mestranda em Saúde Pública. Docente de Enfermagem na Nova Faculdade