Selmo Geber*
Cuidar da saúde mental, controlar a ansiedade e eliminar as situações de estresse do dia a dia parecem hábitos difíceis -principalmente considerando o atual e desafiador cenário, com a pandemia do novo coronavírus-, mas que precisam ser colocados em prática por mulheres que pretendem realizar, em curto prazo, o sonho da maternidade. Isso porque o estresse é um dos inimigos da fertilidade feminina, já que prejudica as funções ovarianas e a receptividade uterina, além de provocar falta de libido e interferir na produção hormonal.
Planejar uma gravidez envolve muita expectativa em torno do sucesso de cada tentativa, o que pode acabar gerando sentimentos negativos, como ansiedade e frustração, que muitas vezes refletem na saúde do corpo. Entendemos que, para o sucesso dos tratamentos de reprodução assistida, tão importante quanto manter uma boa saúde física, com a prática regular de exercícios físicos e uma dieta equilibrada, é adotar bons hábitos aliados da saúde mental. O acompanhamento psicológico pode contribuir muito neste momento, já que permite às mulheres encarar o tratamento com mais tranquilidade e leveza.
E elas não são as únicas prejudicadas pelos sentimentos negativos. O estresse, assim como a ansiedade, pode colocar em risco também a fertilidade masculina, e, portanto, deve ser controlado ou, preferencialmente, evitado. A preparação psicológica é importante também ao futuro pai, que participa de todo o processo e pode sofrer as mesmas variações emocionais.
É fato que a pandemia tem despertado em todos os cidadãos comuns um turbilhão de emoções, que vão do medo à insegurança. Por isso, reforçarmos a importância de, especialmente neste momento, incorporar bons hábitos à rotina, entre os quais destacam-se a leitura, prática da meditação e Yoga, e, claro, o descanso necessário para o bom funcionamento da mente.
*Professor titular e Livre Docente do Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina da UFMG. Membro Titular da Academia Mineira de Medicina. Médico da Clínica Origen.