Colesterol alto é risco para saúde vascular

Josualdo Euzébio Silva*

Um caso internacional chamou a atenção de milhares de portais de notícias devido a um fator inusitado. Um homem de 40 anos adotou uma dieta baseada no consumo de produtos de origem animal e, após oito meses, estava com o colesterol “vazando” por diferentes áreas do corpo.

A ocorrência foi veiculada na revista de publicações científicas Journal of the American Medical Association (Jama), informando que o homem foi diagnosticado com xantelasma, acúmulo de colesterol no corpo, formando bolsas visíveis, em coloração amarelada.

Os níveis marcavam mais de 1000 mg/dL, considerado o triplo do valor estabelecido como saudável, sendo possível ver as marcas de tamanha gordura nas mãos, pés e cotovelos.

Quem tem colesterol alto convive com uma condição extremamente perigosa, por afetar o funcionamento do corpo de diferentes formas. Pensando na saúde vascular, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), aponta que o xantelasma é um indício do risco para infarto do miocárdio, doença cardíaca isquêmica, a aterosclerose grave e, até mesmo, a morte.

Além do infarto, o risco de acidente vascular cerebral (AVC), gangrena, desmaios e trombose são altos. A evolução é considerada bastante silenciosa e a dor nas pernas é o principal sintoma, acompanhado de cãibras - especialmente ao caminhar - e dores nos dedos ou pés, mesmo em repouso.

Além da alimentação inadequada, a hipertensão, diabetes, sedentarismo, sobrepeso ou obesidade, depressão, ansiedade, estresse, genética e o tabagismo são considerados fatores de risco e devem ser evitados, sobretudo, quando existem casos na família.

O diagnóstico é feito com o auxílio do exame de sangue, bastante tradicional, indicando o nível de colesterol. É pelo fator silencioso e a facilidade do processo que se identifica muitas outras causas. Os médicos recomendam avaliações com periodicidade anual.

O tratamento da aterosclerose requer mudança de hábitos, com uma dieta saudável, prática de atividade física e a interrupção do fumo, extremamente maléfico para a saúde, inclusive a vascular, uma vez que os componentes do cigarro deixam os vasos mais frágeis. O controle do estresse e de doenças crônicas também são primordiais.

É essencial considerar a necessidade de usar medicamentos para reduzir a quantidade de colesterol no sangue e evitar a formação de coágulos. Alguns casos são considerados mais graves e requerem cirurgia vascular para desobstruir a região e revascularizar a área.

*Médico cirurgião vascular, membro titular da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular