Ângela Mathylde Soares*
O sentimento de pertencimento é muito importante e, por isso, a educação inclusiva é essencial nas escolas. O processo amplia a participação de todos os estudantes, apesar das diferenças, muitas vezes, incompreendidas, como aqueles com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). A campanha “Abril Azul” é uma oportunidade para discutir e aumentar a reflexão sobre os impactos dessa condição.
O transtorno interfere no comportamento, comprometendo a comunicação e a linguagem. Vale alertar ainda que inclui peculiaridades, como o interesse muito restrito a certos temas, objetos ou atividades, apesar das variadas opções e, ainda, a repetitividade.
As pessoas nascem autistas, contudo, o problema é que, devido aos diferentes níveis, nem todos descobrem que possuem a deficiência ainda na infância. Contudo, na maioria dos casos, é possível identificar um nível de comprometimento, devido a prejuízos no desenvolvimento, antes dos três anos de idade.
O transtorno é dividido em três diferentes graus para indicar nível de dependência e necessidade de suporte. O nível um é considerado leve, o dois, moderado e, o três, severo, destacando a demanda por apoio profissional. Os portadores apresentam uma grande dificuldade em se comunicarem, tanto verbalmente quanto não-verbalmente, afetando também a maneira como interagem com outras pessoas.
A inclusão escolar do autismo é um desafio, apesar de, ao longo dos anos, a compreensão e estudos sobre o espectro terem evoluído. A inserção deve ser feita estrategicamente, através de adaptações que beneficiem todos, afinal é preciso tempo para que os outros alunos e profissionais também possam aprender e respeitar as diferenças.
Os desafios crescem, porque cada pessoa tem diferentes particularidades e carências, afinal, a condição apresenta aspectos bastante amplos, assim como o nível de gravidade. A condição apenas reforça a importância de, antes de tudo, conhecer muito bem o aluno, ter contato direto com seus familiares e o profissional responsável por seu acompanhamento, equilibrando as atividades com um método complementar.
É imprescindível os autistas possuírem uma rotina para, aos poucos, se adaptarem ao ambiente, apresentarem interesses nas atividades em sala, participarem de trabalhos coletivos e que recebam orientações simples e diretas, com uso de recursos visuais. Os ruídos requerem um cuidado extra dos pais e professores, já que muitos possuem hipersensibilidade e, por isso, também precisam passar pela adaptação de sons em um novo ambiente.
A preparação dos profissionais também inclui lidar com algumas especificidades, como a possibilidade de sofrerem epilepsia, déficit de atenção, hiperatividade, ansiedade e a depressão, singularidades que acompanham o espectro.
Quanto mais cedo o diagnóstico acontece, mais fácil é para todos se adaptarem à nova realidade e demanda, sendo o contato e troca de informações, extremamente benéfico para aplicação de técnicas, inclusão e o desenvolvimento pessoal.
* Neurocientista, psicanalista e psicopedagoga