Josualdo Euzébio Silva*
O diabetes é uma doença que afeta o corpo todo, principalmente quando a glicose não está controlada. O pé diabético é um dos problemas vasculares mais comuns decorrentes dessa condição e, apesar da gravidade, ampliando o número de amputações no país – 65% em dez anos.
A doença decorre do excesso de açúcar no sangue, também conhecida como glicose, acontecendo pelo mau funcionamento do hormônio insulina ou de produção insuficiente no pâncreas. Os casos são hereditários, através do diabetes tipo 1, ou pelos hábitos inadequados, adotados ao longo da vida, além da gravidez, favorecendo o desenvolvimento do tipo 2.
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) destaca que apenas 10% dos brasileiros correspondem ao grupo genético. A estimativa nacional prevê mais de 13 milhões de pessoas convivendo com a condição, representando 7% da população nacional.
A glicose em altas quantidades no sangue danifica as células que revestem os vasos sanguíneos e, consequentemente, compromete a circulação sanguínea adequada, aumentando os riscos para formação de coágulos, como a trombose.
A doença vascular diabética, também chamada de vasculopatia diabética, é um dos problemas decorrentes do descontrole da doença. A condição é caracterizada pelo bloqueio ou endurecimento das artérias, devido ao excesso de açúcar.
Já a patologia obstrutiva arterial periférica é caracterizada pelo estreitamento dos vasos sanguíneos nutridores das extremidades, ou seja, braços e pernas, atingindo os membros inferiores.
A aterosclerose é a principal culpada do problema, sendo, basicamente, o colesterol alto. O excesso de gordura nos vasos passa a se acumular em placas que se prendem no local e obstruem as artérias, modificando a circulação.
Um dos principais fatores de risco está entre os homens com diabetes. Os sintomas envolvem a dificuldade para caminhar, devido à dor; hipotrofia dos músculos; desenvolvimento de feridas; úlceras; gangrena; falta de pelos na região afetada; mudança de temperatura e palidez.
O risco de infarto também é maior e a International Diabetes Federation (IDF) indica que até 80% dos portadores do tipo 2 morrem com problemas cardíacos, desencadeados pela combinação da glicose, pressão alta e novamente a aterosclerose.
O pé diabético é considerado uma das situações mais assustadoras, devido ao risco da amputação e surge exatamente decorrente de alterações vasculares provocando dificuldade de cicatrização.
Os pés precisam estar sempre aquecidos, secos, unhas cortadas em formato circular e lavados em água morna, evitando feridas e infecções difíceis de serem tratadas. Os diabéticos podem evoluir para uma alteração dos nervos periféricos conhecida como neuropatia diabética, responsável pela perda de sensibilidade; dormência; formigamento; queimação; dores e fraqueza dos membros inferiores.
A melhor forma de prevenção é o controle da glicose, sendo preciso consultar endocrinologistas e seguir recomendações. Em caso de suspeita vascular, um cirurgião vascular também deve ser procurado para análise aprofundada do sistema.
A atenção aos hábitos é essencial, escolhendo um cotidiano mais saudável com a prática de atividade física e alimentação balanceada, evitando gorduras e doces, assim como eliminar o cigarro. Os exames de sangue de rotina identificam as variações no nível de glicose.
* Médico cirurgião vascular, membro titular da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular