O valor e a responsabilidade social do jornalista

Publicado em 03/11/2022 às 06:00.

Gilvan F. Araújo*

O jornalismo é uma profissão eminentemente social. Isso quer dizer que sua função é narrar os fatos de interesse da sociedade, sem mentir ou induzir seu receptor ao erro no entendimento do que está sendo noticiado. A informação, assim, é a matéria-prima dessa profissão, mas deve ser tratada com respeito e seriedade, pois, do contrário, não passará de mera fake news, o que não tem nenhum valor social. Aliás, a mentira difundida como verossimilhança da verdade só traz danos para a sociedade e para o jornalismo.

Podemos entender diferenças claras entre fake news e a verdade pela qual os jornalistas se pautam, ou entre a liberdade de expressão e informações sem nenhuma consistência ou legalidade, quando olhamos para o que determina o Código de Ética do Jornalista Brasileiro. Por exemplo, no artigo 12, item II, o documento diz que o jornalista deve “buscar provas que fundamentem as informações de interesse público”. No mesmo artigo, no item V, o código ressalta que o jornalista deve “rejeitar alterações nas imagens captadas que deturpem a realidade, sempre informando ao público o eventual uso de recursos de fotomontagem, edição de imagem, reconstituição de áudio ou quaisquer outras manipulações”.

A credibilidade jornalística construída ao longo de sua história e digna de respeitabilidade por parte da sociedade brasileira vem sofrendo ataques nos últimos anos por parte de pessoas mal-intencionadas que, ao mesmo tempo em que querem colocar sob suspeita a seriedade da profissão, utilizam-se de algumas técnicas do jornalismo para se fazerem passar como mensageiros da verdade. Essas pessoas, de fato, são criminosas e desrespeitam o Código de Ética do Jornalista mesmo sabendo – eventualmente – da sua existência. Mentir deliberadamente perante a lei é crime. No jornalismo também.

Em um mundo cada vez mais digitalizado, onde as informações circulam em uma quantidade e uma velocidade cada vez maiores, o papel das pessoas em verificar o conteúdo que recebem e analisar se a informação é verdadeira ou falsa são os únicos caminhos para que possamos manter o jornalismo como um direito fundamental do cidadão à informação, e que “abrange seu o direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação”, como anunciado no primeiro artigo do código de ética da profissão.

Por fim, é importante que se diga que a formação ética do jornalista passa por sua própria formação pessoal, que é a base para a construção de um profissional sério, correto, eficiente e honesto nas suas relações com suas fontes e, especialmente, com seu público leitor, ouvinte ou telespectador. Sem isso, nada adianta códigos deontológicos ou técnicas profissionais ensinadas nas academias. Esse profissional sem essa base é como aquele vidro que foi lapidado para parecer um diamante. 

*Doutor em Comunicação, jornalista, publicitário, sociólogo e professor do Centro Universitário Promove

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