Os benefícios da construção e manutenção do hábito de ler

Publicado em 27/04/2023 às 06:00.

Cristina Figueiredo*

O hábito de ler muda vidas, principalmente quando as pessoas iniciam o convívio com os livros ainda na infância. O Dia Nacional do Livro Infantil, 18 de abril,  é uma data essencial para uma justa homenagem ao escritor brasileiro Monteiro Lobato e ainda promover uma importante reflexão sobre os benefícios da leitura para a saúde e o processo de aprendizagem das crianças.

A presença da literatura no cotidiano infantil deve ser uma prática comum, estimulada pelas famílias. Afinal, algumas das vantagens desse costume estão na capacidade de maior concentração, incremento da memória e raciocínio, compreensão e desenvolvimento da criatividade. 

A verdade é que as estórias transmitem valores e estimulam a linguagem oral, ampliam o vocabulário e o conhecimento, melhorando a escrita e permitindo melhor entendimento dos sentimentos e sensações dessa fase em que ainda estão absorvendo muitas informações. 

Felizmente, as últimas pesquisas apontam o crescimento na demanda por livros. O Painel do Varejo de Livros no Brasil revelou que, em 2022, foram vendidos 58,61 milhões de exemplares - 1,7 milhão a mais, comparado com 2021 e um levantamento do Instituto Pró-Livro (IPL) registrou que o público infantil tem uma importante influência nesses números.

Em conjunto com a Abrelivros, a Câmara Brasileira de Livros e o Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel), identificou-se que as crianças, entre 5 e 10 anos, representam 23% do público leitor brasileiro, apresentando interesse próprio em consumir algumas páginas quase diariamente. Outras informações deixaram claro que 48% deles leem por gostarem e 13% em razão dos ensinamentos e habilidades que podem ser desenvolvidas pelo hábito. 

Uma dúvida comum dos pais é sobre quando e como iniciar essa prática, porque, apesar de a escola possuir um papel essencial na alfabetização, esse processo deve ser estendido para dentro de casa. Uma das melhores maneiras de incrementar esse conhecimento começa com o exemplo. 

As crianças tendem a replicar o que veem ou aprendem, ou seja, os pais devem ser as principais referências de leitura fora do ambiente escolar. Uma outra análise, também divulgada pelo IPL, através do projeto “Retratos da Leitura no Brasil”, destaca que 43% das mães são responsáveis por esse interesse, contra 17% dos pais, sendo que os professores respondem por 45% da influência. Um dado assustador foi que 68% dos participantes afirmaram que nunca receberam um exemplo de leitura dentro do lar. 

O incentivo ao livro pode ser criado, estabelecendo um horário diário para leitura, como antes de dormir, depois das atividades escolares, ou até mesmo, em outros momentos que a criança desejar. A situação também é uma ótima maneira de estreitar os laços familiares e criar memórias.

Contudo, apesar desses números positivos, ainda é preciso lutar contra a outra face dessa moeda, uma vez que cerca de 55% das turmas de educação infantil, entre 0 e 6 anos, não têm acesso a momentos de leitura, designados pelo professor, conforme estudo da Fundação Marília Cecilia Souto Vidigal (FMCSV), em parceria com a USP.

A pandemia também impactou esses dados, comprometendo o processo de alfabetização. A pesquisa “Todos pela Educação”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relatou que as taxas de analfabetismo duplicaram durante o período, correspondendo a 40,8% dos pequenos. 

É fundamental entender que a leitura é um caminho para o desenvolvimento infantil, superando a barreira imposta pela leitura das páginas, envolvendo práticas educativas, como a contação de histórias e atividades com colegas e familiares. Muitas são as oportunidades para estimular esse convívio, como a Fliti (Feira Literária de Tiradentes), de 25 a 29 de outubro, nessa cidade histórica minera, envolvendo diversificada programação, a presença de mais de cem escritores, o empréstimo de livros e a venda a preços populares. 

Os eventos, as bibliotecas públicas e os passeios a livrarias ainda são outras sugestões, como alternativas para iniciar e manter a prática da leitura. Por outro lado, vale ressaltar que, não necessariamente, é uma receita única para evitar a tecnologia e o uso dos computadores e celulares, afinal também podem ser usados como auxílio na busca por conhecimento e diversão.

Entretanto, deve ser algo que, a médio e longo prazo, proporcione prazer e paixão, conhecendo mundos que cabem na palma da mão. Afinal, como o próprio Monteiro Lobato disse: “Quem escreve um livro cria um castelo. Quem o lê mora nele”.

* Idealizadora e diretora da Fliti (Feira Literária de Tiradentes), de 25 a 29 de outubro, na cidade histórica mineira

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