Daniella Pimenta*
Neste Dezembro Laranja, mês dedicado à conscientização contra o câncer de pele, a Sociedade Brasileira de Dermatologia alerta para a drástica diminuição dos exames que permitem detectar esse que é o tumor mais comum entre os brasileiros. De janeiro a setembro de 2020, o volume de pessoas que procuraram o SUS para fazer o diagnóstico caiu 48% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em números absolutos 210.032 pedidos de biópsias para confirmação da doença foram feitos nos nove primeiros meses de 2019 contra 109.525 no mesmo período de 2020.
Segundo especialistas em saúde, a pandemia de Covid-19 tem sido o principal fator que vem trazendo temor à população de ir aos hospitais. Com isso o diagnóstico do tumor fica comprometido bem como o tratamento precoce.
Todo esse cenário se torna ainda mais preocupante pelo fato do câncer de pele corresponder a 27% de todos os tumores malignos no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Os carcinomas basocelular e espinocelular (ambos não melanoma) são responsáveis por 177 mil novos casos da doença por ano. No primeiro os sintomas começam com lesões vermelhas na pele, que formam casquinhas, inflamam ou até geram feridas que nunca se cicatrizam. Já o espinocelular pode causar destruição extensa no local atingido.
A versão melanoma, por sua vez, que acomete 8,4 mil novas pessoas anualmente, tem origem nos melanócitos, células produtoras de melanina, substância que determina a cor da pele. O melanoma pode aparecer em qualquer parte do corpo, principalmente nos locais de maior exposição ao sol. Inicialmente surgem como uma pinta comum. Porém, com o passar do tempo, ela pode mudar de cor, tamanho ou começar a sangrar, transformando-se em nódulos linfáticos.
Embora represente apenas 3% das doenças malignas do órgão, o melanoma é considerado o tipo mais grave do câncer de pele, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase. Por isso é importante que ele seja detectado em estágio inicial para que não piore. Quando a descoberta da doença é precoce as chances de cura podem chegar a mais de 90%.
Entretanto, para que o diagnóstico do câncer de pele ocorra quando a doença estiver no começo, é fundamental a consulta anual com um dermatologista para uma análise completa de todos os sinais e pintas do corpo. Também é importante fazer o autoexame, ou seja, observar prováveis alterações na espessura, diâmetro e coloração das pintas. Qualquer mudança suspeita deve ser investigada imediatamente.
Além das consultas regulares ao dermatologista como forma de monitoramento, evitar a exposição ao sol entre 10h e 16, usar filtro solar com fator de proteção no mínimo 30, bonés, chapéu de abas largas e óculos escuros com proteção UV são práticas que devem ser adotadas em nosso cotidiano. Fica a dica!
*Oncologista clínica do Cetus Oncologia