Luís Fernando Vitagliano*
De ampla divulgação pelos bancos de varejo, o PIX entra inicialmente como uma nova forma de pagamento, via aplicativo, que substitui as transferências e os boletos. A proposta é que seja uma ferramenta bastante simples, disponível por meio digital, em qualquer aplicativo de banco ou na página pessoal de cada correntista. Essa facilidade, rapidez e disponibilidade instantânea é que nos leva a questionar se a proposta vai substituir a moeda física.
Como resposta às nossas mais elementares angústias, o Banco Central do Brasil realizou o evento virtual “Conexão PIX” em seu canal do YouTube, em setembro, para anunciar e comentar as versatilidades desta modalidade (veja os links de acesso no final deste texto). No encontro virtual, foi divulgado e debatido o PIX como uma nova ferramenta de integração e realização de pagamentos.
Pragmaticamente, o Banco Central propõe que esse mecanismo seja mais rápido, ágil e seguro, facilitando os processos e reduzindo custos de transação. É um artifício de inovação que se integra ao movimento digital de modernização das operações. Muita gente no país ainda se questiona sobre a segurança das operações pelo celular, mas os técnicos são unânimes em dizer que é o tipo mais seguro de operação.
Evidentemente, quando vemos a velocidade com que os pagamentos são feitos e a facilidade de uso sem o dinheiro em papel físico, pensamos logo que a substituição do papel parece ser o caminho mais direto. É importante, porém, deixar claro que isso não é dinheiro novo ou moeda virtual. Para ser moeda, é preciso ter 3 características: estoque de valor, unidade de conta e meio de troca.
O PIX é uma ferramenta que facilita o meio de troca e nada mais. Não é reserva de valor. O seu pagamento ou conta continua sendo feito em reais e a unidade de conta (ou seja, o preço das coisas) continua também sendo feito em real.
Obviamente a pergunta que os especialistas passam a fazer é se o PIX vai facilitar a dolarização da economia. Tamanha velocidade de transação, agilidade financeira, segurança e barateamento do processo, o próximo passo seria a conversibilidade da moeda. Se a internacionalização da moeda ganhar essa característica de realtime que o PIX permite em transações nacionais para as internacionais, a resposta é sim, vamos passar para um processo de dolarização. Mais especificamente, as moedas fracas vão desaparecer e sobrarão apenas as moedas fortes.
Mas isso teria ainda um longo caminho a percorrer, não é uma questão a curto prazo e, certamente, passará por decisões não apenas técnicas, mas políticas, definidas pelas instâncias democráticas de governo. Uma suposta internacionalização do PIX criaria outra arquitetura das finanças internacionais. Hoje, é preciso dizer que essa inovação técnica é bem-vinda, principalmente na redução dos custos para os pequenos negócios, principalmente, aqueles mais organizados no seu fluxo de caixa.
Confira as palestras do “Conexão PIX” realizada pelo Banco Central do Brasil em Setembro para aprofundar um pouco mais o seu conhecimento sobre essa plataforma financeira: https://www.youtube.com/watch?v=GLh77rmYOpU
*Coordenador dos Cursos Tecnólogos em Gestão Financeira, Gestão de Qualidade e Processos Gerenciais do Centro Universitário FMU, mestre em Ciência Política com ênfase em desenvolvimento.