Proibição de celular na escola visa impedir vícios e outros efeitos negativos para estudantes

Publicado em 24/02/2025 às 06:00.

Ângela Mathylde Soares*


Após meses de debates, a lei definindo a proibição de celulares em escolas das redes pública e privada foi sancionada. O projeto é considerado uma vitória para milhares de brasileiros, sobretudo por quem trabalha na área da educação, mas não é vista de maneira positiva por grande parte dos alunos, gerando dúvidas sobre o funcionamento e benefícios da ação.

A medida já entra em vigor em todas etapas da educação considerada básica, ou seja, da creche ao ensino médio. A decisão acontece após uma série de pesquisas apontarem os efeitos das telas, em especial para crianças e adolescentes, que se encontram em uma fase de desenvolvimento e aprendizagem.

De forma geral, o consenso dos estudos aponta que, quanto maior o período de exposição a celulares, facilmente transportados para a sala de aula e sempre conectados à internet e redes sociais, maiores os danos à capacidade de aprendizagem e produtividade. 

Para se ter uma ideia, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) identificou que aparelhos eletrônicos impactaram a capacidade de oito em cada dez alunos brasileiros em prestarem atenção nas aulas, em 2022. 

A proibição vale para outros dispositivos com acesso à internet, como tablets e relógios inteligentes, englobando ainda todos os momentos ligados aos afazeres escolares, como durante as aulas, recreio, intervalos e, até mesmo, em atividades extracurriculares.

O uso será liberado apenas para fins pedagógicos e didáticos, questões de acessibilidade, inclusão e saúde, com a permissão do professor. Já o armazenamento varia conforme a fiscalização de cada instituição.

O projeto ainda estabelece a obrigação de se alertar aos estudantes sobre os riscos e efeitos psíquicos da ação, que podem levar à nomofobia digital, ou seja, o medo de ficar longe do aparelho.

Vale ressaltar que a escola não oferece apenas a formação intelectual dos jovens, como também promove a capacidade de socialização com amigos e companheiros. Como os celulares são aparelhos de uso individual, nos últimos anos se tornou cada vez mais comum ver cenas de jovens sentados de maneira coletiva, porém sem qualquer tipo de interação, pois estão ocupados demais com o aparelho. Pode parecer algo banal, mas o aprimoramento dessa habilidade também é essencial para os futuros adultos.

Contudo, não vale  pensar na proibição somente em âmbito escolar. O que acontece com os estudantes fora da sala de aula? De nada adianta proibir seu uso no local e manter o consumo de longas horas dentro de casa, pois, ainda assim, o avanço também depende dos pais em manter regras para definir os momentos de lazer e diversão com o aparelho.

Muitos adolescentes se mostraram bastante contrários à ação, no entanto é preciso pensar que a proibição promove melhor aproveitamento das atividades escolares com maior qualificação para o futuro, de maneira positiva ou negativa.

*Neurocientista, psicanalista e psicopedagoga 

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