Lilian Haro*
A Síndrome de Burnout (CID 10 Z73) acomete cerca de 30% dos profissionais brasileiros, segundo a pesquisa do International Stress Management Association (Isma). De acordo com o estudo, 70% da população é afetada por esse esgotamento, fazendo que o país fique em 2° lugar em nível de estresse, atrás somente do Japão.
Obviamente, o esgotamento profissional prejudica bastante os colaboradores, interfere em seu relacionamento interpessoal e causa inseguranças no trabalho. Entretanto, essa é uma questão que também afeta as empresas, por isso gestores e RH precisam ficar atentos e desenvolver medidas para melhorar a rotina no trabalho, o ambiente e promover o bem-estar de todos.
Os próprios líderes precisam também avaliar se a rotina tem causado qualquer esgotamento, pois isso interfere na maneira como conduz as equipes. É importante imaginar a situação como peças de dominó posicionadas uma atrás da outra: se uma cair, todas caem, como um verdadeiro "efeito dominó".
Portanto, o RH entra como um aliado dos gestores e colaboradores, pois mantém uma estreita relação com ambos e promove um apoio em momentos atípicos como esse. Os profissionais de Recursos Humanos são essenciais no processo, pois incentivam o diálogo, o bem-estar das equipes e criam um canal acessível para a comunicação.
Outro fator importante é a compreensão do que significa a "Síndrome de Burnout", e os gestores precisam entender. Conforme apresenta o estudo "Understanding the burnout experience: recent research and its implications for psychiatry", o esgotamento profissional é uma resposta do organismo do indivíduo, que ocorre por conta de uma longa exposição a situações estressantes no ambiente de trabalho. Assim, a atuação estratégica dos líderes é fundamental para identificar quadros desgastantes. Em síntese, um dos principais sinais de que um colaborador está, provavelmente, passando por um período de esgotamento é o desequilíbrio mental e físico.
Ou seja, corpo e mente pedem "socorro", e os profissionais de RH junto aos gestores são os grandes aliados para pensar em ações que auxiliem a qualidade da rotina dos trabalhadores. Isso porque a proximidade entre eles permite entender como repensar a rotina e propor ações direcionadas às necessidades dos colaboradores.
Não existe uma época certa para repensar ambiente e rotina de trabalho. Estudos mostram que o estado de esgotamento pode ocorrer por diversos motivos e em várias fases da vida. O esgotamento profissional acontece com mais frequência do que imaginamos.
E, pensando a partir do ponto de vista da empresa, os problemas surgem em resultados indesejáveis. Então, essas circunstâncias levam o RH a equilibrar a situação e realizar ações, para que os negócios não sejam prejudicados. Conforme indicam especialistas em psiquiatria, a síndrome do esgotamento profissional pode causar sintomas psicológicos, como: apatia, baixa energia, tensão, cansaço excessivo, quadro depressivo e, até mesmo, picos de raiva.
Incentivar a saúde psicológica dos colaboradores também faz parte das atividades do RH em conjunto com os gestores. Engajar os colaboradores a procurarem ajuda quando estiverem estressados é uma maneira de assegurar que eles mantenham a saúde como prioridade.
As empresas existem por conta dos profissionais envolvidos no dia a dia, por isso é fundamental para o sucesso das organizações que o cuidado da saúde mental e física dos colaboradores seja uma pauta constante no diálogo entre o RH e os gestores. Por esse motivo, é importante que as empresas estejam atentas a promover um ambiente seguro para seus colaboradores, inclusive psicologicamente.
Atenção: o esgotamento não acontece da noite para o dia, por isso vários sinais podem indicar que o colaborador precisa de ajuda.
*Lilian Haro, Administradora e Especialista em Recursos Humanos. Atualmente é coordenadora de Implantação no Grupo StarSoft