* Felipe Santos
As conhecidas senhas alfanuméricas estão perdendo cada vez mais espaço. Hoje, as empresas investem em outras formas de segurança, como ferramentas biométricas, leitura da íris e reconhecimento facial... Esta última, forma de autenticação digital baseada nos traços dos rostos, vem sendo amplamente pesquisada e desenvolvida para os mais diversos propósitos. É certo que a tecnologia ficará cada vez mais acessível e fará parte do cotidiano das pessoas. Tanto que alguns smartphones já são capazes de reconhecer os rostos de seus usuários para que sejam desbloqueados.
A difusão da tecnologia se intensificou depois que as gigantes Amazon e Google começaram a implementar algoritmos de deep learning (aprendizagem profunda), que hoje chegam a 80% de assertividade e, quando calibrados corretamente, podem chegar a 97%, com o aprendizado contínuo. E o mercado está de olho nesse movimento tecnológico. O reconhecimento biométrico deverá alcançar US$ 30 bilhões em 2021, segundo estimativas da ABI Research. Dados da consultoria de tecnologia Tractica apontam que só com o reconhecimento facial as empresas esperam faturar US$ 882 milhões até 2024.
No Brasil, alguns setores estão em estágio avançado quanto ao uso do reconhecimento facial. O setor financeiro é um dos que mais investem. Alguns dos grandes bancos do país – Original, Itaú e Bradesco – já estão em teste para esse formato de autenticação de clientes, que é hoje um dos mais seguros para realizar qualquer tipo de transação. Mas outros segmentos, como bens de consumos, segurança e saúde, também irão aderir à tecnologia.
Entretanto, a solução ainda deve demorar para chegar ao dia a dia das pessoas. Para a implementação em larga escala, é necessária uma infraestrutura completa, que envolve um ambiente muito bem estruturado, com internet realmente rápida e equipamentos de alta qualidade.
Já a adaptação dos usuários ao novo, com o tempo e com a evolução da tecnologia, certamente será algo natural. Ainda nos parece estranho pegar o smartphone e focar no rosto para realizar uma verificação de transação. No entanto, é só parar e pensar que há 10 anos ninguém tirava selfies.
Além das companhias privadas, governos também estão adotando o reconhecimento facial em áreas estratégicas, como segurança. Um exemplo é a China, que está usando a tecnologia para identificação de suspeitos, mas ainda precisa de ajustes para evitar erros. Mesmo com tantas dúvidas e incertezas sobre a eficiência do reconhecimento facial, a tecnologia deve evoluir rapidamente, tornando-se um importante recurso de segurança e usabilidade, trazendo praticidade para as atividades rotineiras.
*Felipe Amaral dos Santos é Head Of Products na ilegra, empresa global de negócios e tecnologia