Um brasileiro de respeito: Sílvio Heck

Publicado em 14/10/2025 às 06:08.

Aristóteles Drummond*


É um imperativo cívico e patriótico lembrar e exaltar exemplos significativos de homens que dedicaram suas vidas ao serviço do Brasil, com convicções, coragem e dedicação. São legados importantes para as novas gerações em todas as áreas ligadas ou não à vida pública.

Um deles foi o Almirante Sílvio Heck, que esta semana estaria completando 120 anos, que conheci na mocidade, quando em movimento de jovens pela democracia do qual era membro seu filho Gustavo, depois eminente professor da Escola Superior de

Guerra. Sua casa, na Lagoa, no Rio de Janeiro, foi uma escola de civismo para mim e os companheiros de jornada, em contato com oficiais generais das três armas, muitos na reserva, mas ativos no compromisso inalienável com o Brasil.

Pelas reuniões que varavam a noite, passaram os colegas de Heck no ministério de Jânio, Marechal Odylio Denys e Brigadeiro Grün Moss, os admiráveis almirantes Mario Cavalcanti de Albuquerque, Antônio da Silveira Lobo, Augusto Rademaker, capitães fuzileiros como Estanislau Façanha, Heitor Lopes de Sousa, generais Mourão Filho, Nelson de Melo.

O grande jornalista Júlio de Mesquita Filho vinha de São Paulo com frequência para as reuniões. Nossos companheiros o apanhavam e o levavam de volta ao Santos Dumont. Empresários relevantes, como Gilberto Huber e Jorge Bhering de Mattos, também participavam daquelas reuniões preparatórias para o evento de 31 de março.

Sílvio Heck foi oficial submarinista atuando na II Guerra na proteção de nossa costa, serviu na Bahia e em Pernambuco, comandou o encouraçado Almirante Tamandaré e foi ministro de Jânio Quadros. Na crise da renúncia, os ministros militares foram profetas ao preverem as consequências da posse de Jango. Mas a constituição deveria ser cumprida, como foi, pois a maioria dos militares não queriam assumir um pré-julgamento. Confirmados os temores, foram unânimes no movimento de 64.

Instalado o governo revolucionário, era esperada sua volta ao Ministério da Marinha, o que não ocorreu. Ao receber a solidariedade de civis e militares em sua casa pela suposta preterição, Heck afirmou que estava atendido e realizado com a vitória do movimento, nada tinha a reivindicar ou reclamar. O que hoje se chamaria de patriotismo na veia.

A Marinha do Brasil tem embarcações e instalações com o nome deste grande brasileiro, mas os civis devem saber que nossos militares foram formados na escola destes exemplares brasileiros e, no silêncio dos quartéis, portos e aeroportos, e continuam zelando pela democracia, a liberdade e o progresso do Brasil com ordem e respeito a leis.

*Jornalista

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