Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Aos que almejam paz

24/04/2025 às 19:16.
Atualizado em 24/04/2025 às 19:16

Sempre que estou efetuando um atendimento faço a pergunta ao meu paciente: o que você quer? Muitos não sabem o que responder. Permanecem calados e pensativos. Outros, respondem de imediato: quero paz!

Na aflição em que se encontra uma pessoa que está angustiada, ansiosa ou deprimida, de certo está em busca de serenidade. Mas é importante refletir sobre tal questão. A paz não é algo que cai do céu num passe de mágica e nem ocorre de fora para dentro. Ela é uma conquista fruto de um processo de maturidade e autoconhecimento que nos permite avanços emocionais. Algumas reflexões podem ajudar nessa conquista tão almejada

Aceitar com docilidade as próprias imperfeições implica em ao invés de ficarmos nos cobrando tanto, nos punindo, ruminando e com sentimento de culpa por não ter sido perfeito, passar a aceitar com menos dureza as próprias falhas. Isso não significa ser indulgente com os erros e sim ser gentil e menos carrasco consigo mesmo. 

Vigiar o pensamento para que ele não tenha o efeito bola de neve. Nossos pensamentos são como uma faísca: se jogarmos água, ele apaga, mas se colocarmos gasolina incendeia nossa cabeça. Você joga água ou fogo naquilo que te preocupa?

Cuidado com a autorreferência. Isso significa não exigir do outro um comportamento igual ao que você faria. Se você agiria melhor, sinta-se feliz por isso e não com raiva da má conduta alheia. A raiva só faz mal para quem a sente, além de estar do lado oposto da paz. 

Lembre-se periodicamente na finitude da vida, mas não como algo triste, e sim no intuito de desfrutar de dias mais leves: cultivar mágoas, correr desenfreadamente atrás de dinheiro, perder tempo precioso com discussão inúteis, estragar a saúde com posturas autodestrutivas, ficar muito tempo sem encontrar pessoas que ama, deixar para usar utensílios de casa só para visitas, a roupa nova só para eventos especiais. Explore mais a parte boa da vida lembrando que ela é finita. 

Saiba ouvir sem interromper ou roubar o protagonismo alheio. Quando fazemos isso, respeitamos o outro e permitimos que ele exista. Parar de trazer para si a responsabilidade de liderar a conversa é aliviante. 

Faça algo muito bom por alguém e resista a tentação de contar para o outro. Experimente o bem estar que deriva dessa atitude silenciosa. 

Aprenda com as pessoas. Até aqueles que você pensa que nada tem para lhe ensinar. Faça o exercício de prestar atenção e tente encontrar algo de valor.

Escolha suas batalhas. E isso implica em saber que não vale a pena discutir sobre “paixões” principalmente com pessoas fanáticas. Perca a piada, mas não perca o amigo. Nem tudo precisa ser dito. Existe uma paz em guardar suas ideias e pensamentos só para você. Experimente. 

Não cozinhe o rancor. Atente-se para a sequencia: raiva, sensação de injustiça, lembranças de raivas passadas já adormecidas. Todos os ingredientes temperados viram uma grande tempestade mental. Mudar a sintonia do pensamento assim como se muda a sintonia de uma rádio quando a música não agrada é um excelente remédio para dissipar sentimentos ruins. 

Não tolere estresse por muito tempo. Não gaste energia carregando um peso exaustivo. Descarregue a mochila. Mude o rumo. Diga “não quero”, “não posso”, “não consigo”. Imponha limites. As vezes ganhar a guerra significa parar de lutar. 

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