Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Burnout parental

Publicado em 13/03/2025 às 06:00.

Fadiga, falta de ânimo, vigor, baixa produtividade, dificuldade de concentração, procrastinação, sensação de que se está sempre cansado e sem energia para quase nada, essas são característica que mapeiam a síndrome de burnout. 

Geralmente essa doença está associada às condições desgastantes que derivam da vida profissional, onde o indivíduo sente-se permanentemente exausto e sem reserva emocional, ou seja, perde a paciência ao menor estímulo. 

Entretanto, observa-se que nem sempre a síndrome se desenvolve a partir da vida profissional. Há casos em que o esgotamento se dá por meio do ambiente familiar, é o chamado burnout parental. Tanto pode ser pelo desgaste em relação à criação dos filhos quanto pelos relacionamentos conflituosos, ciúmes, dependência ou abuso emocional entre cônjuges, pais e filhos, irmãos e demais relacionamentos onde a dinâmica familiar se faz extenuante. Alguns exemplos: 

- Ambiente familiar pesado onde há pouca harmonia e muito atrito. 

- Lógica invertida onde os filhos precisam assumir o papel dos pais por alguma conduta irresponsável dos mesmos, como dívida de jogo, vícios, gastos supérfluos além da conta. Acabam, portanto, sobrecarregando os filhos, que mesmo não concordando com a situação arcam com as despesas e se vendo no papel de educar os pais. 

- Ambiente familiar de crítica. 

- Cobranças excessivas. 

- Manipulação para que os familiares se mantenham ao seu redor numa condição de dependência. 

- Falas que estimulam o medo, porém embaladas de amor. 

- Interferência constante nas decisões de vida do outro. 

- Abuso emocional como humilhação, ridicularização.

- Chantagem emocional com distorção da realidade para obtenção de benefícios próprios. 

- Controle excessivo. 

- Negligência emocional. 

- Falta de comunicação e apoio, gerando um clima de insegurança. 

- Privilégios direcionados a apenas um irmão em detrimento dos demais, gerando desgastes. 

- Brigas constantes, fazendo com que o indivíduo não reconheça sua casa como um lugar de descanso e paz. 

É importante ressaltar que muitos embaçam a realidade por se sentirem culpados em fazer uma leitura real sobre o ambiente familiar tóxico, porém isso não os isenta de sentirem as consequências disso. Vão ficando enfraquecidos emocionalmente, sem vigor, com a autoestima baixa, dificuldade de colocar limites nas demais relações, falta de energia para lidar com as demandas diárias, ansiedade, sentimento de exaustão, insatisfação com a própria vida, alta irritabilidade, sentimento de tristeza e exaustão, gerando uma vontade de “sumir”. 

Um ambiente familiar desajustado, alem do burnout emocional, drena a energia psíquica do indivíduo, fazendo com que ele não consiga se desenvolver como poderia caso não tivesse carregando todo esse peso extra. Nesse caso, é importante um distanciamento emocional para conseguir estabelecer limites e então tentar reconstruir uma relação saudável. Enquanto o processo se desenvolve, um bom recurso pode ser aprender a dizer “não” sem sentimento de culpa. 

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