Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Comparação, uma atitude autodestrutiva

Publicado em 19/11/2024 às 20:59.

Em tempos de redes sociais está cada vez mais fácil sabermos como anda a vida das pessoas, desde nossos amigos, familiares, ate as celebridades nacionais e internacionais. Temos acesso a uma parte da vida deles, aquela glamurosa, onde são exibidas fotos perfeitas, lugares privilegiados, restaurantes e pratos de primeira categoria. 

A imagem tem realmente um poder de impacto tão grande a ponto de baixar o limiar da nossa cognição, fazendo com que pensemos que aquilo representa o todo da vida daquela pessoa e não apenas uma fatia da “vida perfeita”. 

A associação mental imediata é: a vida de quem é rico e famoso é melhor. E que ter bens materiais, roupas de grife e participar de festa e eventos torna um indivíduo muito mais feliz do que quem vive uma vida de forma mais modesta. 

Ao pensarmos assim sentimos um imediato rebaixamento. Mas esse pensamento não passa de uma ilusão. Se verdade fosse, ricos, famosos, milionários e endinheirados não entrariam em depressão, teriam quadros ansiosos, não cometeriam auto extermínio ou qualquer outro problema de ordem emocional. 

Recebemos muitos estímulos sociais que nos levam a acreditar que dinheiro é garantia de felicidade, o que na verdade não é. Claro que a falta dele é gerador de grande tristeza. Temos que ter o suficiente para o nosso sustento, e uma sobra para o lazer e emergências. E tudo que o dinheiro pode proporcionar é de fato muito prazeroso, mas, quero reforçar aqui que a ilusão que existe no imaginário coletivo, é a de que o dinheiro “garante” a felicidade e isso não é verdade. Alias, muitas vezes ele destrói, a se ver famílias que se racham após receberem heranças. 

O fato é que olhar para o jardim do vizinho e ver a grama mais verde sempre aconteceu. 

Porém é importante ressaltar que a comparação é fonte geradora de sentimentos de baixíssima qualidade: se olhamos para o outro e nos sentimos superiores à ele, nos sentiremos soberbos. Ao mesmo tempo que se nos sentirmos inferiores, nascerá em nós uma menos valia, quiça inveja. 

Nada de bom deriva da comparação. Alem de ser uma maldade que fazemos conosco, uma vez que nunca teremos acesso aos sentimentos íntimos da outra pessoa, é como se compararmos o palco do outro com os nossos bastidores, sempre seremos perdedores. 

Olhar para nossa própria vida, isso sim, é produtivo. Algumas sugestões de perguntas que podemos fazer para sabermos se estamos evoluindo:
Estou melhor que 5 anos atras?
Estou em dia com as promessas que fiz para serem cumpridas esse ano?
Estou satisfeito com as minhas condutas?
Cuido melhor das minha saude hoje?
Sinto que minha autoestima é melhor que algum tempo atras?
Melhorei a timidez?
Me sinto uma pessoa mais segura hoje?
Consigo me posicionar e falar o que não estou disposto a fazer?
Consegui vencer meus vícios?
Consegui deixar para trás padrões autodestrutivos?

Essas e outras perguntas, quando feitas para nós mesmos, nos ajudam a avaliar se estamos melhores do que já fomos e o caminho que precisamos percorrer. Essa sim é uma excelente comparação. 

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