Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Interação com os leitores

05/05/2021 às 15:42.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:51

 Breves reflexões sobre algumas perguntas enviadas pelos leitores:

1- Por que sofremos tanto por amor?
Porque queremos o controle do incontrolável. Porque idealizamos fantasias irreais. Porque alimentamos ilusão. Se tirarmos esses três elementos - controle, idealização e ilusão - nos tornaremos pessoas mais libertas de sofrimento e dor. Ver a situação como ela é, sem negligenciar os sinais, além de nos livrar de arapucas ainda é um convite à maturidade.

2- É normal desejar o mal a quem nos prejudicou?
Normal no sentido de comum, sim. Talvez até mais verdadeiro que desejar o bem. Contudo, tanto um, quanto outro, significa conexão entre ambos. Se o interesse é caminhar para frente e se refazer sem a presença de quem prejudicou, é imprescindível que haja a desconexão e isso nada mais é que um sentimento de neutralidade desprovido de emoção.

3- Por que uma pessoa que você tanto ajudou "te paga” com ingratidão?
Justamente porque você a ajudou. A ingratidão é subproduto da inveja. A hostilidade dirigida a quem tanto fez e ajudou é uma reação negativa típica de quem se sente por baixo e que, no fundo, reconhece esse rebaixamento, mas, como não pode se revoltar contra si, dirige sua agressividade contra outro, o doador. Segundo Flavio Gikovate, a ingratidão tem sua lógica: quem dá é o “rico” e quem recebe é o “pobre”. Daí a inveja! Poucos são os que aceitam receber com dignidade e retribuem com gratidão. Da admiração derivam dois sentimentos: um é o amor, o outro é a inveja. Ela penderá para um ou outro lado conforme o caráter e a autoestima do observador.

4- Já falei inúmeras vezes com a minha esposa sobre alguns comportamentos dela que me magoam, como por exemplo, falar mal da minha mãe, e mesmo assim, ela não para de fazer. Por que isso acontece?
Se sabemos que algo em nosso comportamento prejudica quem amamos, e mesmo assim continuamos fazendo, isso demonstra, no mínimo, desimportância com o sentimento do outro. Pessoas regidas pela premissa: “perco o amigo, mas não perco a piada” não estão muito preocupadas com o que irão causar, querem mesmo é satisfazer os próprios interesses. Nesse caso, não adianta falar, pois a palavra é muda para quem não quer ouvir.

5- É possível existir um clima de inveja e competição onde há amor?
A competição vem do ego; o amor, da essência. Vencerá o maior dentro de cada um.

6- Como explicar o comportamento de uma pessoa que fica com raiva de tudo e de todos em acontecimentos banais?
Um sinal de evidente imaturidade. Crianças são assim: se tudo vai bem, elas são dóceis, mas se algo as desagradarem elas “viram a chave” para o lado oposto. Conseguir gerir com equilíbrio o sentimento de frustração que deriva dos desejos não realizados é um grande sinal de maturidade. 

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