Eventualmente dedico alguns artigos a responder perguntas enviadas pelos leitores. Os temas que trago são sempre pautados na atualidade e muito próximos do nosso dia a dia e, isso faz com que os leitores se identifiquem e entrem em contato.
Na maioria das vezes recebo grandes relatos de vida. Sinto que as pessoas, além de estarem necessitando de ser ouvidas, buscam sobretudo soluções para suas dores. A verdade é que, na maioria das vezes, sabemos o que precisamos fazer, o difícil é fazer.
As respostas tem o objetivo de trazer reflexão à questão, mas jamais uma receita. Se assim existisse, não haveria tantos dissabores. Temos, sim, que trabalhar em nossos entraves emocionais, para que, após isso, consigamos ser menos duros conosco e com os outros.
1- Não consigo colocar meus planos em prática. Começo algo e não termino. Sigo muito frustrado com esse comportamento. Atribuo isso ao medo e à insegurança, por isso vou procrastinando tudo até perder o prazo e não dar mais tempo. Será que tenho cura?
A insegurança e o medo sem dúvida limitam o sucesso, mas talvez um elemento mais comprometedor seja a “síndrome do desejo milagroso”: querer o resultado sem dedicar esforço suficiente para alcançá-lo.
A maioria de nós tem um pouco dessa síndrome – se você perguntar a cem pessoas se elas desejam ganhar na Mega-Sena, provavelmente todos dirão que “sim”, porém poucos estarão dispostos a jogar. Querem ganhar por força de um milagre. A frase “a ação precede a motivação” é verdadeira, e acrescento mais, quando a motivação passa, é preciso entrar a força de vontade que é o elemento principal da disciplina. Falar que quer algo e não fazer é autossabotagem. Para ter êxito, é preciso que o discurso esteja alinhado com a ação. Caso contrário, a ação definirá você, ainda que a afirmação seja contrária.
2- Como faço para eliminar de vez a expectativa da minha vida?
Não faça isso. Você vai matar um combustível poderoso, pois ela é motivacional e extremamente importante para nosso dia a dia. Sem expectativa de um dia produtivo, teremos dificuldade até de sair da cama. Geralmente, o tombo que levamos não deriva da expectativa, e sim da ilusão. Observe!
3- Sempre cometo os mesmos erros. Não consigo evoluir, parece que existe algo maior que eu. Como sair disso?
Terceirizar a origem do problema como sendo algo “maior” fora do seu controle, além de uma atitude infantilizada, significa se eximir da responsabilidade de resolver a questão e dominar as próprias emoções e impulsos. Se não você, quem irá fazer isso? Disse Confúcio, filosofo Chinês, 552 a.c.. “Não corrigir as próprias falhas é cometer a pior delas”.
4- Às vezes acho que meu marido tem muita inveja de mim. Isso existe ou é loucura da minha cabeça?
Existe muito, mas nem sempre há consciência disso. A inveja pode se manifestar através da hostilidade, crítica ou até mesmo na ingratidão. Ficamos sem entender o que faz uma pessoa que tanto ajudamos não ser grata ou nos hostilizar. Isso ocorre em função da inveja que impede a pessoa de receber com dignidade e retribuir com afeto. Já diz o ditado: “a ingratidão é filha da inveja”.