Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Manutenção da saúde mental no ambiente profissional

Publicado em 25/09/2025 às 06:00.

Somos aquilo que pensamos, sentimos e vivenciamos, nossas emoções são capazes de nos curar e nos adoecer.

Manter a saúde mental no mundo corporativo é um grande desafio. Nem sempre o ambiente profissional são flores; ao contrário, geralmente é um lugar de grande competitividade, onde nem sempre se pode confiar nos colegas. Costuma também ter clima de ameaça, onde os funcionários se sentem inseguros sobre o andamento da  carreira. Jornadas intensas sacrificando as horas de descanso, lazer e fins de semana. Sensação de injustiça quando não se leva em consideração a meritocracia e sim interesses pessoais. Assédios moral e sexual disfarçados de elogios, fofocas e demais situações típicas de ambiente profissional. Somado a isso, nem todos gostam da atividade que exercem. Há quem trabalhe somente pelo dinheiro, sendo o trabalho mais uma fonte de insatisfação do que de realização. 

A situação pode chegar a níveis inimagináveis, como o caso da France Telecom, onde ocorreu uma onda de suicídio: 22 funcionários se mataram num período de 18 meses. Alguns deixaram cartas descrevendo os abusos a que eram submetidos. 

Devido a todo esse cenário, foi implantada uma resolução que entrou em vigor em março deste ano em caráter educativo - a NR-1, Norma Regulamentadora que passa a exigir das empresas a identificação de riscos psicossociais e a adoção de medidas para proteger a saúde mental dos profissionais. A norma prevê ações para garantir que funcionários não adoeçam mentalmente devido à sobrecarga de trabalho, assédio moral ou sexual e ao estresse em ambientes tóxicos. Ao identificar esses riscos, as empresas deverão elaborar e implementar planos com medidas preventivas e corretivas para mitigar os problemas e promover um ambiente de trabalho mais saudável.

Tendo em vista que passamos a maior parte da nossa vida dedicados ao trabalho, um ambiente nocivo pode nos trazer consequências, como por exemplo a Síndrome de Burnout. O termo vem do inglês e significa “queimar por completo”. Mas isso não é modismo. Antigamente esse problema já existia e o diagnostico era “estafa” – um adoecimento devido ao excesso de trabalho. É um quadro depressivo que deriva do esgotamento profissional, cujos sintomas são: exaustão; choro fácil; sensação de que tudo é desgastante, difícil e complicado; perda de vigor físico; baixa imunidade e adoecimento constante; cansaço crônico; irritabilidade e agressividade na fala; isolamento social, recusa à socialização; fuga em prazeres imediatos como abuso de álcool, droga ou comida; perda do senso de humor, apresentando intolerância a piadas e brincadeiras; lapso de memória; dificuldade de concentração; manifestação de alguma doença psicossomática; sensação constante de angústia e desesperança; manifestação de sintomas de depressão, desde agitação até apatia.

Estar atento às próprias emoções pode ajudar a detectar o problema antes que a doença se instale. E a dica de ouro é: ampliar os prazeres da vida para além da vida profissional; conseguir colocar limite e aprender a dizer “não”; não sacrificar a vida pessoal em nome do trabalho; não deixar o vício da perfeição comandar sua vida; não medir a autoestima pela atividade profissional; e, claro, cuidar bem do corpo e da mente, tendo uma boa alimentação e atividade física contínua. 

É fundamental darmos à saúde mental, no mínimo, a mesma importância que damos à carreira profissional e ao acúmulo de bens materiais.

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