Nossas angústias, ansiedade e tristeza existenciais derivam dos nossos medos. Quanto mais conseguirmos mapeá-los, mais seremos competentes para administrá-los.
Muitos são os medos, mas alguns são mais comuns:
Medo da rejeição: o ser humano tem verdadeiro pavor da rejeição. Apesar de parecer que uns lidam melhor com isso, no fundo ninguém quer ser rejeitado. Para tentar atenuar esse medo, muitos se tornam “bonzinhos” e viram pessoas extremamente prestativas, solícitas, simpáticas, agradáveis e com grande dificuldade de dizer “não”. Não querem desagradar o outro, pois isso exacerba a vulnerabilidade, por isso fazem um esforço estoico chegando a tirar de si para dar ao outro - uma inversão de valores que diz muito mais sobre o medo do que sobre a generosidade.
Uma forma de diminuir esse sofrimento é fortalecendo a confiança em si mesmo. Um bom caminho é o autoconhecimento. Por meio dele é possível trazer à consciência não só a nossa limitação, mas também a nossa essência. Há uma frase de Carl Jung que diz: “Quem olha para fora sonha, mas quem olha para dentro desperta”. O despertar nos deixa mais autônomos e fortes emocionalmente.
Medo do futuro: Ninguém consegue prever o dia de amanhã, temos que lidar com as incertezas, dúvidas e com a finitude da nossa existência. Não conseguimos conhecer nem controlar nosso futuro, não somos capazes de garantir a vida das pessoas que nos cercam, bem como a nossa.
O fato de não termos controle sobre o futuro nos deixa a sensação de desamparo e vazio. Algumas pessoas, sobretudo aquelas que não lidam bem com essa impotência, tendem a se tornarem indivíduos controladores. O controlador é um medroso que, não conseguindo lidar com suas próprias angústias existenciais, acaba se tornando autoritário e intransigente, num ato de mostrar autoridade. Como se diz: “quem manda aqui sou eu”. Quanto maior o controle, maior o medo.
Medo da solidão: medo da solidão é outro fator que contribui para nossa sensação de incompletude. Precisamos do outro para garantir que não estamos sós. O curioso é que parece que este medo está mais ligado ao imaginário do que à real possibilidade disso acontecer, a prova é que o medo persiste mesmo quando se está rodeado de pessoas.
O medo da solidão desnuda uma importante faceta da fragilidade humana, que, sem ter como administrar o próprio vazio, acaba por transferi-lo a outra pessoa, sobrecarregando, aprisionando e exigindo do outro além do que ele pode nos dar.
Medo do julgamento: esse medo carrega vários outros: o de não ser aceito, de errar, de ser ironizado, criticado, chacoteado, o que revela uma excessiva preocupação com a sua imagem. Por medo de serem julgadas, muitas pessoas deixam de fazer algo, preferem a nulidade ao risco de terem que se expor. Uma pena, pois deixar de fazer o que gostaria por medo do que vão pensar contribui significativamente para a baixa autoestima, visto que o indivíduo se acovarda perante seus próprios desejos.
É sempre importante lembrar que coragem não é a ausência do medo e sim o enfrentamento dele. Corajoso é o ex-medroso, aquele que seguiu mesmo com suas inseguranças. Talvez esta seja a melhor saída.