Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

O desafio de controlar emoções negativas

28/04/2021 às 17:01.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:48

 Quando usamos a palavra “manso" para nos referir a animais, nos soa muito positivo, visto que todos gostam de bichos dóceis e calmos. Mas, se usarmos a mesma palavra para qualificar pessoas, já temos uma impressão ruim, uma vez que pessoas mansas nos parecem bobas. 

 Quem é tido como “manso” também é visto como fraco. Do outro lado, o “bravo” é percebido como forte. Mas é preciso cautela nessa avaliação, pois nem tudo que parece, é. Aliás, nesse caso, é até ao contrário. 

 Ser bravo é uma reação agressiva de alguém que não tem domínio sobre as próprias emoções, portanto, alguém fraco emocionalmente. Não podemos negar a vantagem que pessoas assim obtêm: ao explodirem, acabam causando medo nos demais. Dessa forma, acabam conseguindo o que querem no grito. São como crianças mimadas que não podem ser contrariadas. Brigam, fazem escândalo e impõem, através da pirraça, suas vontades. 

 Essa reatividade deriva de um mecanismo que é ativado cada vez que algo lhes desagrada. É o famoso “estopim curto". Essa natureza estimula a agressividade gratuita. Um instinto primitivo que reage a um impulso não domesticado. 

 Algumas características de um indivíduo reativo:

Explosão emocional;

Impulsividade;

Melindrar-se com facilidade; 

Se indispor constantemente com amigos e familiares;

Afetividade vinculada à reatividade;

Intolerância à frustração;

Dificuldade em ouvir opinião contrária;

Viver no formato 8 ou 80; 

 É importante ressaltar que a reatividade é um mecanismo de defesa que deriva do medo. Um indivíduo reativo é um medroso que, por insegurança, ataca antes de ser atacado. 

 Do outro lado temos os “mansos”, que nada têm de fracos. São pessoas que aprenderam a lidar com as frustrações e dores inevitáveis da vida e com isso conseguem, através de sua força, não reagir instintivamente aos estímulos. 

 Os que pretendem dominar suas reações negativas precisam iniciar um processo de autorresponsabilidade, abandono de vitimismo e treino. 

 Nosso comportamento é um ótimo termômetro para medir nossa maturidade emocional: quanto mais reativo, mais imaturo, e quanto menos reativo mais maduro. 

 Mas precisamos conseguir diferenciar a não reatividade que deriva do autocontrole daquela que deriva da frieza afetiva. O primeiro tem a ver com uma evolução emocional, enquanto o outro tende à psicopatia. 

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