Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Você está em condição de mendicância emocional?

Publicado em 16/10/2025 às 07:00.

Recebi essa mensagem da qual desconheço o autor, mas o conteúdo nos traz uma grande reflexão:

“Se não te envolveram, não se envolva.

Se não te convidaram, não vá.

Se não te contaram, não pergunte.

Se não te responderam, não insista.

Se te tratarem com indiferença, se afaste.

Se te evitarem, não fique por perto.

Aprenda a conhecer o lugar que você tem na vida das pessoas e não gaste seu tempo com quem não quer gastá-lo com você. Não podemos mudar ninguém, somente gerenciar nossa vida”.

Palavras tão simples e tão difíceis de serem praticadas.

Quando nos deparamos com pessoas que não nos envolvem, não nos convidam, não nos consideram, deveríamos nos recolher e doar nossa energia a quem oferece uma troca verdadeira, mas geralmente não é isso que ocorre. Temos a tendência de nos entristecer pela dor da rejeição e esse sofrimento se desdobra numa tentativa de reconquistar o apreço do outro através de comportamentos humilhantes e submissos.

Costumamos insistir com quem não nos quer, submetendo-nos a situações desnecessárias somente para sermos aceitos, e exemplos não faltam: damos mais que recebemos fingindo que não nos importamos; tratamos bem mesmo percebendo indiferença; nos esforçamos para manter um vínculo quando a outra parte parece não se importar.

Esses e outros comportamentos nos deixam “implorar” (de uma forma consciente ou inconsciente) por atenção, validação, aceitação, reciprocidade, tudo que deveria ser oferecido gratuitamente dentro de uma relação seja ela afetiva, familiar ou de amizade.

Quando estamos numa condição de desigualdade, onde um lado investe enquanto o outro apenas recebe, entramos numa mendicância emocional.

O motivo que nos leva a agir assim é basicamente uma baixa autoestima que ocorre quando pessoa não se acha merecedora ou acredita estar aquém da outra e que o pouco que ela recebe já é suficiente. A sensação de menos valia faz com que a pessoa não lute por si nem por uma condição de equidade dentro de uma relação.

Ocorre também por medo da solidão, o que na verdade é um fantasma muito mais assustador na mente de quem sente do que é na realidade. Por medo de ficar só, há quem opte por ficar mal acompanhado – o que só faz escancarar a sensação de solidão. A pior forma de solidão é estando a dois.

Entramos na condição de mendicância emocional também por carência afetiva que traz a ilusão de que o outro irá preencher o vazio deixado pela família. É quando a pessoa aprende na infância a se esforçar para ser percebida, aceita e amada, dessa forma continua o esforço na vida adulta. A busca para preencher essa carência é interminável e chega a níveis inimagináveis de submissão.

E por fim, a mais terrível delas, que é a dependência emocional. Ocorre quando nos perdemos de nós mesmos e deixamos que o nosso bem estar dependa do retorno do outro – de mensagem, elogio, aprovação, presença. Uma morte em vida!

É sempre bom lembrar que numa relação saudável, de mão dupla, não há necessidade de se humilhar, implorar, submeter e muito menos se espremer para caber no molde do outro e mesmo assim receber migalhas.

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