Volta e meia olhamos para nós e nos percebemos parados em lugares desconfortáveis, porém sem forças para sair dele. Mesmo sem encontrarmos razões lógicas que justifiquem, continuamos estagnados onde não gostaríamos de estar. Um bom exemplo disso é o trabalho. Muitas vezes estamos insatisfeitos com nosso emprego, com a atividade que exercemos e com o salário que recebemos, porem, sem saber ao certo o porque, continuamos ali parados, à espera de uma melhora, que no fundo, sabemos que não irá acontecer.
A estagnação em zonas desconfortáveis ocorre não só em empregos, mas também em casamentos ruins, amizades abusivas e em outras condições onde permanecemos mesmo quando não estamos satisfeitos. Muitas vezes, passamos anos da nossa vida nos espremendo para caber em lugares menores que o nosso tamanho. Com isso, acabamos nos acostumando com algo ruim: a dor que poderíamos evitar.
Não é sempre que conseguimos nos livrar daquilo que nos faz sofrer, há dores que são inevitáveis como morte, doença, tragédias e saber lidar com elas significa maturidade emocional e resiliência. Contudo, aprender a conviver com dores que poderiam ser evitadas caracteriza fraqueza emocional.
De fato, sair de lugares desfavoráveis, é difícil. O movimento é árduo e as vezes o mais fácil é ficar parado aonde está, na chamada “zona de conforto”. Aliás, este nome é controverso. Penso que a palavra “conforto” deveria ser usada apenas para descrever algo agradável, porém, as “zonas de conforto” nem sempre são confortáveis. Alias, a maioria é desconfortável, o “conforto” que a denomina significa que a zonas é conhecida. E aí que mora o perigo: tendemos a permanecer em lugares conhecidos ainda que doloridos.
Temos medo do novo!
Mudar não é fácil, e o medo do novo tem lá sua razão: toda mudança é um embrião de um possível fracasso. Pensando assim, muitos preferem ficar parados na zona conhecida do que arriscar em busca de algo que não está garantido.
A insegurança aumenta quando o indivíduo está inserido num contexto desfavorável como por exemplo um ambiente familiar pouco acolhedor ou de pessoas que também sentem medo de mudar e não estimulam a coragem, ao contrário, disseminam a cultura do medo: “não troque o certo pelo duvidoso”; “cuidado, quem tudo quer, nada tem”; “melhor um pássaro na mão que dois voando”.
Muitos gostam de dizer que o mundo é dos espertos, discordo. Acredito que as conquistas, tanto emocionais quanto materiais, são muito maiores entre pessoas destemidas, capazes de abandonar as zonas de desconforto sem medo do que está por vir e sem pesar com aquilo que está deixando para trás. Viver refém do medo nos leva à condição de prisioneiro.