Inovação foi um conceito pioneiro criado pelo economista Joseph Schumpeter e utilizá-lo implica também em aceitar a teoria da destruição criativa, na qual o mercado se sustenta à base da substituição do antigo pelo novo. Só que isso pressupõe um ciclo frenético, em que os resultados estão aí para quem quiser ver. À luz da sustentabilidade e do conceito de interdependência, obsolescência é que é um conceito obsoleto.
Umair Haque, diretor do Havas Media Lab, defende que a inovação trata basicamente de empreendedorismo, ou seja, toda boa ideia precisa se transformar em negócio lucrativo para merecer o título de inovação. Seguindo esse princípio, o que se percebe é que quase tudo já foi inventado e não apenas isso: está à venda de maneira física ou virtual. Poucas coisas fundamentalmente novas estão sendo criadas nos dias atuais.
O autor lembra que o desafio do século XXI não é desenvolver a criatividade para vender mais coisas; a questão é construir coisas melhores e com menos impacto para o planeta.
Lígia Fascioni ressalta o quanto tudo isso é importante para qualquer tipo de organização ou movimento, destacando que Haque fundamenta sua ideia de awesomeness (capacidade de impressionar) em quatro pilares:
Produção ética: O século XXI não há de produzir nada que mereça o rótulo de impressionante sem que se considere a questão ética em todo o seu ciclo de vida.
Ousadia: O conceito de inovação submete a criatividade às leis do mercado, de maneira que a coisa inovadora, às vezes, é muito menos que emocionante. É preciso aprender a entregar algo que possa deslumbrar.
Amor: As pessoas precisam estar encantadas com o que fazem para fazê-lo bem.
Valor de verdade: Valor de verdade, grande realmente, tem que ser sustentável. Isso significa fazer melhor, não apenas adicionar botões em um telefone ou sabores em um refrigerante.
Aqui fica o desafio às organizações, sejam governamentais, privadas ou do terceiro setor: a capacidade de impressionar está diretamente ligada à capacidade de impactar a vida das pessoas, ampliando suas relações e trazendo novos referenciais.