(FEDERICO PARRA/AFP)
A Venezuela está em turbulência depois que o governo socialista de Nicolás Maduro bloqueou um referendo revogatório contra ele em um movimento que líderes de oposição estão chamando de golpe.
A oposição está chamando apoiadores a tomarem as ruas, começando com uma marcha em uma grande avenida no sábado, que foi liderada pelas mulheres de ativistas presos. Ao mesmo tempo, lideranças do governo pedem a prisão de conhecidos críticos.
Pesquisas sugerem que Maduro perderia o referendo, o que se tornou tema de discussão na quinta-feira, quando oficiais eleitorais emitiram uma ordem suspendendo a votação uma semana antes de seu início previsto.
"O que vimos foi um golpe", disse o ex-candidato presidencial Henrique Capriles. "Vamos permanecer em paz, mas não vamos ser tratados como bobos, devemos defender nosso país".
A suspensão foi condenada internacionalmente. Doze países do Ocidente, incluindo os Estados Unidos e até mesmo governos de esquerda como o do Chile e o do Uruguai, assinaram uma declaração dizendo que a suspensão afeta o espaço para diálogo e o caminho para uma solução pacífica para a crise do país.
Os socialistas ganharam o poder há cerca de duas décadas com a eleição do ex-presidente Hugo Chávez, que por anos teve vitórias fáceis nas eleições. Com a economia em crise, porém, pesquisas mostram que os venezuelanos passaram a se posicionar contra o partido.
Redes de TV críticas ao governo foram fechadas e vários ativistas de oposição foram presos. A suprema corte do país, que tem vários apoiadores do governo, deu endosso a decretos dando poderes a Maduro e disse que ele pode ignorar o Congresso após uma vitória da oposição em eleições parlamentares.
A comissão eleitoral, que já emitiu várias decisões pró-governo, interrompeu o referendo com base em alegações de irregularidades na primeira rodada de coleta de assinaturas. Pesquisas sugerem que 80% dos eleitores querem Maduro fora este ano. Fonte: Associated Press.
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