Os desafios da tecnologia

Hoje em Dia
01/12/2013 às 09:38.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:29

A primeira fuga de um preso da penitenciária inaugurada há dez meses em Ribeirão das Neves, dotada dos mais modernos sistemas de segurança, mostra que a tecnologia mais sofisticada nem sempre é solução para os nossos problemas. O fugitivo não precisou escalar muros, render agentes penitenciários ou driblar o circuito interno de TV. Escapou em uma van, escondido dentro de uma trouxa de macacões confeccionados no presídio como parte do trabalho de reeducação de detentos.
 
Fatos como esse podem ser atribuídos a falhas humanas e não devem servir de desestímulo ao governo, que vem investindo em tecnologia. Uma demonstração desse esforço é a chamada Cidade do Conhecimento, em construção no bairro Horto, em Belo Horizonte. Só a sede nova da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), que deverá ser inaugurada no local em março próximo, deve custar R$ 50 milhões.
 
A Fapemig vai lançar no início de 2014 um edital com o objetivo de desenvolver projetos, a partir do Data Viva. Esta é uma plataforma de armazenamento e visualização de dados, criada recentemente, com investimentos de R$ 1,2 milhão, financiados pela Fundação, para fornecer informações às empresas interessadas em aproveitar o grande potencial de desenvolvimento do Estado.
 
Seria muito bom se entre essas empresas estiverem a Raízen e a Granbio, que se preparam para produzir no Brasil, a partir do próximo ano, etanol de bagaço e palha de cana-de-açúcar. É o chamado etanol de segunda geração.
 
A italiana Beta Renewables foi a primeira empresa no mundo a produzir etanol de segunda geração. Sua fábrica foi inaugurada no mês passado. A Granbio é parceira da empresa italiana no uso dessa tecnologia adaptada à cana-de-açúcar, e pretende investir R$ 4 bilhões até 2020, para a construção de dez usinas de etanol de segunda geração. A primeira, com capacidade para 82 milhões de litros por ano, está sendo construída em Alagoas.
 
A Raízen tem 24 usinas no Brasil e planeja integrar unidades de produção de etanol de segunda geração a oito dessas usinas, com previsão de produzir 1 bilhão de litros por ano. Mais importante: haveria aumento de 50% na produção de etanol, a partir da mesma área plantada de cana-de-açúcar, com tecnologia desenvolvida no Canadá.
 
Minas se encontra entre os estados que mais produzem etanol no Brasil e poderia se beneficiar dessas novas tecnologias que proporcionam maior aproveitamento da cana-de-açúcar e produtos com preços mais competitivos. O aumento de 4% do preço da gasolina vendida pela Petrobras, ontem, é um estímulo extra.
 
Esse é um bom desafio para os pesquisadores mineiros financiados pela Fapemig. E para o governo estadual, que tem chances de atrair para Minas algumas das usinas planejadas pelas empresas que já dominam a tecnologia.
 

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