Ovinocaprinocultura: rebanho de cabras e ovelhas triplica no estado nos últimos anos

Jornal O Norte
21/07/2005 às 17:08.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:48

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Os números já comprovam que a ovinocaprinocultura tem crescido em Minas Gerais. Durante a Expomontes, a presidente da Accomig - Associação dos criadores de ovinos e caprinos do estado de Minas Gerais, Aurora Gouveia aponta para esse avanço que poderá melhorar e quantificar a demanda de animais.

Em sua visão, o Norte de Minas, apesar de ter um clima favorável para a criação desses animais ainda não tem mercado. O que deve ser mudado na medida em que os produtores passarem a encarar a atividade como um negócio.

No plano estratégico do Sebrae, que é parceiro no desenvolvimento, constam medidas que tendem a colocar a Accomontes, num prazo médio de 10 anos, no cenário competitivo das carnes, peles e leite. O que pode ser notado, conforme afirma a presidente da Accomontes é que os produtores estão se preparando para entrar para o mercado de trabalho com a cadeia produtiva organizada.

Durante a Expomontes, cerca de 20 criadores estiveram participando de clínicas tecnológicas que sanaram dúvidas sobre o manejo com os animais, entre outros detalhes necessários - como identificar a melhor carcaça tanto do ovino quanto do caprino.




Desde a Expomontes os frigoríficos exibem carnes de ovinos e caprinos (Foto: Adriano Madureira)

POUCO CONSUMO

Aurora Gouveia comenta ainda que o Norte de Minas se consome pouca carne. São poucas gramas por ano para cada pessoa. Na capital, o consumo chega a três quilos pessoa/ano. No mundo, a Nova Zelândia defende o título de país maior consumidor. Lá, cada indivíduo consome aproximadamente 35 quilos de carne por ano.

Segundo dados da Seapa - Secretaria de estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento foi anunciado durante a posse dos membros da câmara técnica da ovinocaprinocultura, na última terça-feira, que o rebanho de cabras e ovelhas triplicou nos últimos anos, como já tinha comunicado a presidente da Accomig. Atualmente o estado conta com 500 mil ovinos e 200 mil caprinos.

A tradição do Norte de Minas e do estado é de criar bovinos de corte e de leite, sendo que a tradição de criar cabras e ovelhas vem do Nordeste, como bem descreve Jorge Amado em seu romance Tieta do Agreste. Nos séculos passados já era comum encontrar rebanhos de caprinos percorrendo as terras áridas da caatinga. Hoje, a região detém a maioria do rebanho nacional que, de acordo com o IBGE, chega a 10 milhões de caprinos e 15 milhões de ovinos. Aos poucos estes animais também vão ganhando espaço em outros pontos do país, como tem sido o caso de Minas Gerais.

CÂMARAS TÉCNICAS

As câmaras técnicas são órgãos de apoio à formulação da política agrícola do governo de Minas e fazem parte do Cepa - Conselho estadual de política agrícola. Elas são constituídas por representantes dos segmentos do agronegócio, indicados pelas entidades de classe, técnicos da iniciativa privada, das universidades e de órgãos do governo. As câmaras podem contar com até 14 membros, a maioria deles representantes da iniciativa privada.

A Accomontes informa ainda que firmou uma parceria com o frigorífico Maisa, que estará exibindo e vendendo carnes de ovinos e caprinos e seus derivados, como lingüiça, entre outros. 

Aurora Gouveia, que além de presidente da Accomig é também coordenadora da câmara técnica explica que o estado apresenta condições favoráveis para a criação de ovinos e caprinos graças a sua topografia e a oferta de alimento para os rebanhos.

- Além disso, o valor do leite e da carne desses animais é três vezes maior que o valor adquirido com o produto dos bovinos - afirma a professora.

Mas, mesmo assim, o setor apresenta dois problemas distintos.

- No caso da produção de leite, Minas já dominou a tecnologia. Falta conquistar o mercado - diz.

Acrescenta que a dificuldade é a de ter volume suficiente para a venda e organização do produtor que pretende disputar o mercado.

- É preciso ter uma demanda significativa para fornecer para as indústrias, compradores em geral - conclui.

Além disso, a falta de uma legislação específica para o leite de cabra e seus derivados dificulta a comercialização.  No caso da criação voltada para o abate, falta padronizar a produção. Muitas vezes são abatidos animais velhos, sem falar na falta de oferta regular de bom valor no mercado que a pele dos animais pode adquirir. Porém, muitas vezes, o abate é feito sem o menor critério, impedindo a comercialização do produto.

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