Panamá busca solução para crise do canal com mediação de ministra espanhola

AFP
06/01/2014 às 17:20.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:11

PANAMÁ - O consórcio encarregado da ampliação do Canal do Panamá se comprometeu a negociar com a administração da via uma saída par a crise que ameaça paralisar as obras, anunciou nesta segunda-feira (6) a ministra espanhola de Fomento, Ana Pastor, na capital panamenha.   "O compromisso do GUPC (Grupo Unidos pelo Canal) é que tudo seja solucionado dentro do contrato e, para isso, vão se sentar para dialogar. Portanto, aí farão o primeiro acordo", afirmou Pastor após se reunir com o presidente Ricardo Martinelli, sem esclarecer se será retirado o prazo de 21 dias dado pelo consórcio para que sejam pagos sobrecustos milionários.   No encontro, em um hotel na Cidade do Panamá, participaram 16 diretores do GUPC, cujo sócio majoritário é a construtora espanhola Sacyr, também integrado pela empresa italiana Impreglio, a belga Jan de Nul e a panamenha Constructora Urbana.    Entre os participantes se destacava o presidente da Sacyr, Manuel Manríquez. A queda na bolsa da construtora espanhola foi um dos primeiros efeitos da crise.   "O governo espanhol não vai apoiar a Sacyr com dinheiro. Este é um assunto entre uma empresa e seu contratista", declarou à imprensa o embaixador da Espanha, Jesús Silva, que se declarou otimista que a crise seja solucionada. Pastor "chegou ao Panamá para favorecer um diálogo e uma solução" acrescentou.   Após a reunião com o GUPC, a ministra se encontrou de imediato com a presidência para se encontrar com o governante Ricardo Martinelli, depois do qual deve dar declarações.   No começo da tarde, Pastor se reunirá na sede da Autoridade do Canal do Panamá (ACP) com o administrador da via interoceânica, Jorge Quijano e o ministro para Assuntos do Canal, Roberto Roy.   Uma obra para o mundo   Pastor media o conflito desencadeado na semana passada quando o GUPC ameaçou parar as já atrasadas obras de ampliação do Canal se não forem pagos os 1,6 bilhão de dólares por custos não previstos.   Desde 2009 foi empreendida a ampliação do Canal do Panamá, pelo qual transita 5% do comércio mundial, para adequá-lo à passagem de navios de mais de 12.000 contêineres. Atualmente a via de 80 km admite no máximo navios com até 5.000 contêineres.   "Todos os panamenhos, incluindo o governo, têm um papel em tudo isso e a preocupação do presidente é que a obra continue. Esta é uma obra internacional, para o mundo", afirmou no domingo Quijano.   Na semana passada, Martinelli pediu aos governos da Espanha e da Itália a assumir a "responsabilidade moral" do caso e disse estar disposto a viajar a esses países, "porque não é possível que uma empresa coloque uma quantidade enorme de sobrecustos em uma ampliação que é uma obra da humanidade".   O coordenador da diretoria do consórcio, Paolo Moder, afirmou sábado que "a obra será suspensa" se após o prazo de 21 dias não se chegar a um acordo com a ACP, mas disse que a GUPC está "aberta ao diálogo".   "Estão nos encurralando" com o pré-aviso, manifestou domingo Quijano, que alertou que a ACP não pode se transformar em "refém de um contratista". "Um contratista que se compromete a um preço e de repente abandona a obra, isso não é sério", acrescentou.   As obras de ampliação, que custam 5,2 bilhões de dólares - 3,2 bilhões deles para a construção de um terceiro jogo de eclusas - começaram em 2009 e estava previsto que terminassem este ano, quando o Canal completa 100 anos, mas estão em atraso de nove meses - um avanço de 72% - e agora a meta é que seja terminado em junho de 2015.   O Canal do Panamá foi inaugurado em 1914 pelos Estados Unidos e passou às mãos panamenhas no dia 31 de dezembro de 1999.   Problemas geológicos   O chefe de projeto da construção do terceiro jogo de eclusas no setor Atlântico, José Peláez, afirmou sábado que problemas geológicos foram uma das causas do encarecimento das obras.   A administração do Canal afirmou domingo que os argumentos com os quais o consórcio ameaça suspender as obras carecem de sustentação e que recorrerá às ações necessárias para garantir sejam completados.   Os argumentos apresentados "carecem de sustentação legal e não são claros, por isso, não dão ao contratado motivos para suspender a obra", disse à ACP, que assegurou que o Canal funciona normalmente, com "eficiência".   Segundo a ACP, o consórcio GUPC, como outras empresas que estavam interessadas no projeto, teve "14 meses antes de submeter suas propostas para estudar com atenção os componentes da obra, de forma que puderam apresentar uma proposta sólida".   Pilar da economia do Panamá, o Canal aportou a este país centro-americano cerca de 8,5 bilhões de dólares desde que passou à soberania panamenha, mais que nos 85 anos de administração norte-americana.

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