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A pandemia de Covid-19 leva a bandidagem a mirar cada vez mais novos alvos. Com o isolamento social, houve redução nos furtos, roubos, sequestros e homicídios em BH. Mas golpistas têm aproveitado que boa parte da população está em quarentena para praticar extorsão, crime com quase 25% de aumento nas notificações neste ano.
De janeiro a setembro, 178 delitos foram registrados na capital, contra 143 no mesmo período de 2019. Os números da Polícia Civil, porém, referem-se apenas a quem prestou queixa, pois muitas vítimas não buscam ajuda por vergonha.
A corporação alerta que os cuidados, principalmente com relação à internet, devem ser redobrados neste momento em que as famílias passam mais tempo dentro de casa.
Chefe do Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri), o delegado Márcio Naback reforçou que a pandemia provocou mudanças na sociedade, obrigando pessoas que não tinham esse hábito, a acessar internet. “Muitas não tomam os cuidados devidos e deixam margem para que os hackers comecem a extorsão”.
Golpes
Muito comum no passado, o golpe do falso sequestro tem sido menos praticado. Agora, os criminosos têm investido no acesso a dados dos usuários para retirar dinheiro por meio da chantagem.
O roubo de fotos íntimas das vítimas é o principal exemplo. De posse das imagens, começam as ameaças. Com medo e vergonha, muitas pessoas acabam sendo extorquidas.
Migração
Especialista em segurança pública, o sociólogo Luís Flávio Sapori confirma que a criminalidade se adapta com facilidade. “Do ponto de vista criminológico, chamamos isso de contexto de oportunidades para a incidência do crime”.
Para não se tornar alvo, Sapori recomenda não clicar em qualquer link nem passar dados pessoais, como CPF, em e-mail ou redes sociais. O mesmo vale para senhas, que jamais devem ser divulgadas. “Neste período, é preciso redobrar a cautela, ter mais malícia, ter certeza da segurança do site em que se está comprando, para não ser enganado”, alerta o especialista.
Para quem quiser saber mais sobre os golpes mais praticados pelos criminosos em 2020, e se prevenir, a Polícia Civil desenvolveu uma cartilha com dicas.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
Quanto mais consciente a população estiver, menos vulnerável fica. No caso das senhas, as pessoas tendem a usar a mais fácil. Um erro básico, conforme o professor de Segurança dos cursos de TI das Faculdades Promove, Cristiano Diniz. “Uma das principais dicas é não usar a mesma. Quando preciso decorar uma, crie uma frase que não vá esquecer e acrescente alguns caracteres especiais, como letras maiúsculas e minúsculas”.
Ele usa o ditado popular “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” como exemplo para criação de uma senha forte. “Se você pegar as iniciais dessa frase, forma sua senha em cima das primeiras letras e, a cada tantos caracteres, põe um asterisco, por exemplo. Quando tiver a letra c, você pode trocar por abrir parênteses; quando tem letra i, pode por o número 1; substitua a letra a pelo número quatro ou arroba”.
Alternativa, reforça Cristiano Diniz, são os aplicativos com cofres de senhas. Eles podem ser baixados nos celulares, mas é bom optar pelos mais conhecidos. No caso do iPhone, da Apple, o próprio aparelho oferece o armazenamento de senhas. Para acessá-lo, vá em Ajustes, Senhas e Contas Apple.
(Com colaboração de Luisana Gontijo)