A pandemia de Covid-19 deixou praticamente estagnado o setor de turismo em Minas, que já registra prejuízos de R$ 5 bilhões, segundo a Subsecretaria de Estado de Turismo. A taxa de ocupação nos hotéis está hoje em 16%, e o corte de pessoal, incluindo toda a cadeia, inclusive de negócios e eventos, é estimado em mais de 70 mil trabalhadores, sendo 40 mil no setor de bares e restaurantes e 30 mil na rede hoteleira. No fechado Expominas, por exemplo – onde foi montado um hospital de campanha estadual ainda não inaugurado –, só a Expocachaça, que aconteceria no próximo mês, deve deixar de girar mais de R$ 55 milhões em negócios.
“O setor literalmente parou. Deixaram de entrar no Estado R$ 5 bilhões em função da paralisação que tivemos no turismo. E isso impacta diretamente no turismo de negócios, especialmente na capital, que é uma das cidades que mais trabalha com essa temática, assim como Juiz de Fora, (Governador) Valadares e outras”, diz Marina Simião, subsecretária de Estado de Turismo, lembrando que, neste momento, a rede hoteleira, que deveria estar com taxa de ocupação de 45% a 50% , tem apenas 16% de uso. Além disso, segundo ela, o fluxo de passageiros nos aeroportos mineiros recuou 96% até agora.
Marina Simião lembrou ainda que, em abril, mês importante para Minas por causa das festividades religiosas, como a Semana Santa, eram aguardados 10 milhões de turistas, mas apenas 630 mil foram recebidos.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH-MG), dos 132 hotéis que estavam em funcionamento na capital antes de março, 52 paralisaram as atividades, sendo que 20 seguem sem previsão para reabrir. Ou seja, a cidade perdeu 32% da hospedagem e mais de 4.500 funcionários foram demitidos durante esse período. No Estado, a situação não é diferente: dos 3.971 estabelecimentos, 1.900 foram fechados (48%) e as demissões alcançam mais de 30 mil pessoas.
“Isso é uma catástrofe para o setor, porque não é isolado. Envolve também eventos, bares e restaurantes. Ou seja, em toda cadeia produtiva do turismo, refletindo principalmente nos hotéis”, enfatiza Guilherme Sanson, presidente da ABIH-MG.
“Muitas empresas de viagens suspenderam totalmente as atividades. E as que estão funcionando, estão com reuniões virtuais, deixando de viajar até que a gente consiga estabelecer uma situação mais normal”, acrescenta ele.
Retomada
Apesar das dificuldades, a rede San Diego Hotéis, com nove unidades em Minas e outras quatro no interior de São Paulo, e que chegou a ter uma redução na taxa ocupação em torno de 70% a 90% , já começa a dar sinais de retomada.
“Aos poucos, houve alguma recuperação e a queda atualmente está variando entre 50% e 65% em relação ao ano anterior. Ajustamos nossa estrutura de custos, otimizamos recursos, priorizamos o caixa e renegociamos com todos os fornecedores”, conta Flávia Araújo, diretora de Operações da rede. Ela lembra também que a queda no faturamento atingiu 75%, superior à de ocupação por causa do espaço para eventos que possui nos hotéis.
SAIBA MAIS
O presidente do Belo Horizonte Convention & Visitors Bureau, Jair de Aguiar Neto, afirma que, no turismo de negócios, 75% das empresas perderam 100% das receitas. “Nosso setor realmente foi muito impactado pela pandemia, nas mais diversas áreas, como eventos culturais e corporativos, festas e entretenimento”, diz, lembrando que a participação do turismo no PIB nacional é de R$ 936 bi.
Ele conta que um grupo do setor de eventos, com 250 empresas e 19 entidades, desenvolveu o projeto “Movimenta-se” para pensar no retorno das atividades. “Esse grupo desenvolveu uma cartilha de segurança e estamos aguardando a chancela pelos órgãos de saúde do Estado para darmos início à retomada”.
A subsecretária Marina Simião ressalta que está sendo elaborado um plano com o mesmo objetivo, pautado nos protocolos da Secretaria de Saúde e no programa Minas Consciente. Ela aposta no que se chama de “turismo de proximidade”, com as pessoas fazendo rotas de até 150 quilômetros, em viagens curtas de ônibus ou carro.