Panetta alerta que Hezbollah pode aproveitar "caos" na Síria para se armar

AFP
01/02/2013 às 22:18.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:39

WASHINGTON - Os Estados Unidos estão cada vez mais preocupados de que o "caos" na Síria permita ao Hezbollah obter armas sofisticadas do regime de Damasco, declarou em entrevista à AFP o secretário da Defesa Leon Panetta.

Falando dois dias depois de Israel efetuar um bombardeio em uma área militar nos arredores de Damasco, Panetta afirmou que Washington está preocupado de que a milícia xiita do Hezbollah possa explorar o conflito de 22 meses na Síria.

"O caos na Síria obviamente criou um ambiente em que a possibilidade destas armas atravessarem as fronteiras e caírem nas mãos do Hezbollah se tornou a maior preocupação", afirmou Panetta, que deve se aposentar este mês do comando do Pentágono.

A operação israelense na quarta-feira teve como alvo mísseis terra-ar e um complexo militar adjacente, apontado como um local de armazenamento de agentes químicos, afirmou uma autoridade americana, que falou sob a condição de ter sua identidade preservada. A Síria ameaçou retaliar.

Consultado sobre o ataque aéreo, Panetta afirmou que não poderia revelar as discussões com os israelenses, mas sugeriu que Washington apoie totalmente a ação.

"Sem discutir as comunicações que mantemos regularmente com Israel ou as peculiaridades desta operação, porque é algo a respeito do que eles sabem mais, expressamos a preocupação de que nós precisamos fazer tudo o que pudermos para garantir que armas sofisticadas como os mísseis SA-17 ou armas biológicas não caiam nas mãos dos terroristas", afirmou.

Questionado se os Estados Unidos apoiam a ação israelense, ele disse: "os Estados Unidos apoiam quaisquer passos que sejam dados para garantir que estas armas não caiam nas mãos dos terroristas".

Ele reiterou que os Estados Unidos têm trabalhado estreitamente com a Jordânia, a Turquia e Israel em planos de contingência para garantir a segurança de armas químicas ou biológicas na Síria, particularmente se o regime do presidente Bashar al-Assad cair.

Os comentários de Panetta sobre o Hezbollah foram os mais explícitos já feitos por um alto oficial americano sobre a possibilidade de a milícia xiita obter armas, inclusive mísseis, em decorrência do conflito na Síria.

Nos dias que se seguiram ao ataque aéreo, autoridades israelenses acirraram a retórica sobre o estoque de armas sírio, que inclui agentes químicos, alertando para as consequências terríveis caso caiam nas mãos do Hezbollah pró-iraniano, grupo contra o qual o Estado hebreu travou uma guerra devastadora em 2006.

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