(AFP)
O papa Francisco, brincando entre padres, disse neste sábado (17) que está na "lista de espera" para que a Igreja Católica o torne santo, em um encontro com o clero, durante o qual deu alguns conselhos para enfrentar a "crise dos 40".
Dois papas, João XXIII e João Paulo II, "já são santos, Paulo VI será este ano, a beatificação de João Paulo I está em curso. Quanto a Bento XVI e eu mesmo, estamos na lista de espera", declarou neste sábado o papa Francisco, ao final de uma reunião com o clero de Roma, diocese da qual também é bispo.
Estes sacerdotes lhe fizeram várias perguntas e pediram que desse sua opinião sobre a crise dos 40, que perturba religiosos de entre 40 e 50 anos, segundo um deles.
"Le démon de midi!" (O demônio do meio-dia), respondeu o papa argentino, em francês, antes de falar do "cuarentazo", termo argentino para a crise dos 40.
"Aos 40, entre 40 e 50 anos, você sente o peso, é uma realidade. Ouvi que alguns chamam isso de 'é agora ou nunca'. Reconsideramos tudo e dizemos para nós mesmos: 'é agora ou nunca'", acrescentou Jorge Bergoglio.
Então, o que se deve fazer?, se pergunta o papa, antes de preconizar: "buscar ajuda imediatamente".
"Se você não tem um homem prudente, um homem de discernimento, um sábio que te acompanhe, procure um, porque é perigoso seguir sozinho com esta idade", advertiu o pontífice. "Há tantos que acabaram mal. Procure ajuda imediatamente", insistiu.
Porque "temos más tentações nesses momentos, tentações que nunca pensaríamos que teríamos", prosseguiu.
"Não se deve sentir vergonha, mas deve-se erradicá-las imediatamente", reiterou o papa, porque esse é também o momento das "bobagens" (ragazzate): quando um sacerdote começa a fazer esse tipo de bobagens". "São o germe da vida dupla", acrescentou.
Em resposta a uma pergunta dos religiosos de mais idade, com mais de 50 anos, Francisco se mostrou solidário ante seu desconcerto perante a modernidade e suas tecnologias.
Nesta idade, reconheceu, "pode ser que não encontremos a linguagem do mundo de hoje. Eu não sei utilizar as redes nem todas essas coisas, não, não tenho nem celular", insistiu.
Em relação à internet, o papa argentino, de 81 anos, reconheceu que não sabe utilizá-la.
"Internet e todas essas coisas, não sei utilizá-las. Quando tenho que enviar um e-mail, escrevo-o à mão e um secretário envia para mim", assegurou.