(GREGORIO BORGIA/POOL/ASSOCIATED PRESS)
O ditador cubano Raúl Castro foi recebido neste domingo (10) pelo papa Francisco, no Vaticano. Castro esteve na Europa para participar na Rússia das celebrações dos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.
No ano passado, o papa teve papel crucial para mediar a reaproximação diplomática entre Cuba e os Estados Unidos, após mais de 50 anos de tensão.
Castro chegou às 7h30 da manhã locais e cumprimentou o papa em espanhol. Baixou a cabeça, segurou a mão do papa com suas duas mãos e os dois partiram para uma conversa reservada por quase uma hora -tempo generoso para os padrões do Vaticano.
O cubano já havia agradecido publicamente a Francisco por seu papel na negociação com os EUA. Após a reunião, ele disse aos jornalistas que fez pessoalmente o agradecimento.
Mais tarde, em entrevista coletiva com o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, Castro disse que saiu do encontro com o papa "realmente impressionado com sua sabedoria e sua modéstia" e prometeu ir a todas as missas quando Francisco visitar Cuba, em setembro.
Castro afirmou que lê todos os discursos do primeiro papa da América Latina, que faz da defesa dos pobres uma prioridade de seu papado.
Os dois trocaram presentes. O papa deu a Castro uma medalha de São Martinho de Tours, conhecido na tradição cristã por compartilhar seu abrigo com um mendigo.
Já Castro deu ao papa um quadro do artista cubano Alexis Leiva Machado, conhecido como Kcho, retratando uma cruz feita com barcos de náufragos clandestinos que chegam à ilha italiana de Lampedusa.
DIPLOMACIA CATÓLICA
Depois de décadas sendo combatida pelo regime castrista, a igreja católica se tornou uma importante aliada diplomática do país, mediando a relação entre o governo e os dissidentes do regime e, agora, facilitando a retomada de relações com os Estados Unidos.
Francisco deve visitar Cuba em setembro, logo antes de visitar cidades dos Estados Unidos: Washington, Filadélfia e Nova York.
Ele será o terceiro papa a visitar Cuba. Em 1996, o então ditador cubano Fidel Castro visitou o papa João Paulo 2º no Vaticano, preparando a primeira visita de um papa à ilha, em 1998. O papa seguinte, Bento 16, também visitou o país, em 2012.
Cada encontro simbolizou um passo na abertura da ilha, com grande proporção de católicos, à religião.
Com a visita de João Paulo 2º, Fidel permitiu a celebração do Natal, proibido desde o final da década de 1960. A visita de Bento 16 devolveu o feriado de sexta-feira santa aos cubanos, e abriu caminho para a devolução à igreja de imóveis estatizados no início do regime comunista da ilha.