Para driblar a crise, motéis em BH ampliam promoções e até dividem estadia em 5 vezes

Luciana Sampaio Moreira
lsampaio@hojeemdia.com.br
04/05/2018 às 23:03.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:40
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

A redução de até 30% no número de motéis em Belo Horizonte nos últimos três anos, segundo a federação que representa o setor, e o acirramento da concorrência com a abertura de vários hotéis para a Copa do Mundo de 2014 têm levado várias empresas na capital mineira a investir em promoções para atrair a clientela. Alguns estabelecimentos já estão parcelando diária ou pernoite em cinco vezes no cartão de crédito. Os benefícios incluem também refeições gratuitas, desconto na estadia e em horas subsequentes, bônus cumulativos e até carta de vinhos.

No motel Parati, no bairro Floresta, em Belo Horizonte, os usuários têm a opção de dividir o pagamento em cinco vezes no cartão. Na página do estabelecimento no Facebook, a rede anuncia também estacionamento gratuito e custo da hora a R$ 31,50, das 7h às 18h. À noite, o valor de duas horas sai a R$ 53,50. Segundo Lhano Nelson, proprietário do Parati e dos motéis Due e Marrocos, no trevo de Sabará, a estratégia já tem surtido efeitos positivos. “Começamos com as promoções em 17 de abril e o movimento mais que dobrou. Tenho certeza de que estou no caminho certo”, avalia.

No Good Time, na avenida Cristiano Machado, na altura do bairro Floramar, aniversariantes têm desconto de 50% no valor da estadia. Além disso, de segunda a quinta-feira, duas horas saem a R$ 35, subindo para R$ 45 nos fins de semana. Já a pernoite custa R$ 50 até quinta-feira, saltando para R$ 70 de sexta a domingo. “Já ganhei muito dinheiro com esse negócio. Hoje, as coisas estão difíceis e a gente precisa se adaptar para continuar no ramo”, enfatizou o proprietário, que não quis se identificar.

Descontos de até 20% na estadia, além de cardápio especial e carta de vinhos, são as atrações do Sunny Day, com unidades em Belo Horizonte, Contagem e Betim. Durante o festival Comida di Buteco, a rede oferece promoção especial de dez pastéis e duas caipirinhas a R$ 10. Para o Dia das Mães, o motel programou o sorteio de uma estadia. Já na Copa da Mundo, o tira gosto será gratuito.

Motéis do tipo drive-in também têm se adaptado para oferecer mais conforto e fisgar a clientela em Belo Horizonte. Inaugurado em 1998, o “2001”, na Via Expressa, altura do bairro Calafate, teve os boxes equipados com quarto e banheiro, segundo o sócio-proprietário José Garcia.

“Com o tempo, fomos nos adaptando para oferecer mais comodidade aos usuários”, disse, lembrando que há preços especiais para motociclistas, taxistas e o cartão fidelidade, que dá direito a uma diária após a décima permanência no local.

No drive-in 2001, o box mais simples sai a R$ 18 por duas horas. O preço máximo, pelo mesmo tempo, é R$ 35. A pernoite durante a semana varia entre R$ 25 e R$ 35, chegando a R$ 50 às sextas e sábados. “Oferecemos cerveja gelada, lanches rápidos, refrigerantes e sanduíches simples”, conta o proprietário.
 

Setor encolhe e tenta oferecer diárias mais em conta


O presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Minas Gerais (Fhoremg), Paulo César Pedrosa, afirma que os valores cobrados por hora ou pernoite em motéis de Belo Horizonte seguem uma trajetória de queda nos últimos anos.

“Há casos de estabelecimentos que não fazem reajustes há seis anos. Em muitos deles, o que houve foi a redução de até 30% nos valores cobrados pelas diárias”, conta.

Paulo César afirma que, devido à crise, nos últimos três anos houve uma redução de 30% no número de motéis na capital mineira. Segundo ele, atualmente são cerca de 100 estabelecimentos do gênero em funcionamento em BH, e alguns que já tiveram grandes filas na porta hoje convivem com as dificuldades e estampam placas de venda ou de aluguel dos pontos. 

O presidente do Fhoremg lembra que a concorrência dos hotéis de três e quatro estrelas com os motéis também é uma realidade em Belo Horizonte que afeta o setor. 

Com tarifas atrativas, muitos desses hotéis foram construídos nos anos que antecederam a Copa do Mundo de 2014. Após o campeonato, esses estabelecimentos acabaram diversificando o portfólio de serviços e passaram a admitir casais. “A frescura do mineiro em relação aos motéis acabou. Hoje, há mais locais disponíveis para os encontros amorosos”, argumentou Pedrosa.

Discrição 
Na capital mineira, há muitos estabelecimentos antigos que têm procurado também preservar a clientela. Um deles é o Seven, no Barro Preto. 

Segundo a gerente do estabelecimento, Márcia Cristina Machado, a empresa foi inaugurada na década de 1980 e, desde lá, mantém a tradição de atendimento de qualidade, com limpeza e discrição para os frequentadores das 19 suítes que lembram quartos de pousadas.

“Como a economia caiu nos últimos anos, a gente faz diversas promoções”, conta. Os preços variam de R$ 25 a primeira hora a R$ 10 a segunda. 
A diária sai por R$ 65 até as 18h. O pernoite de domingo a quinta custa R$ 55 com direito a café da manhã. Sexta e sábado, o valor sobe para R$ 75. “O custo de manutenção é muito alto, mas tentamos inovar todos os dias”, enfatizou.

Reinauguração
Apesar da perda de receita de até 40% no último ano, ante 2016, o setor ainda investe em melhorias. Para o Dia dos Namorados, haverá a reinauguração do Motel Del Rey (Anel Rodoviário), que terá as 43 suítes modernizadas e preço de R$ 59 a hora, com hidromassagem.

A rede inclui o Gustin Drive-in Motel, no Palmares, e o UP e o Drive-in Bandeirantes, ambos em Betim. Luciana Margarete de Matos, responsável pela gestão de pessoal e pelos detalhes dos estabelecimentos para agradar a clientela, afirma que a substituição dos drive-in por motéis tem sido uma exigência social. 

Segundo ela, esse tem sido o caminho do tradicional Gustin, que já tem dez suítes e 13 boxes. O Bandeirantes também vai migrar para o novo modelo em breve. “Os clientes querem mais do que o drive-in pode oferecer”, enfatizou.

Por meio de nota, a Associação Brasileira dos Motéis (ABMotéis) ressaltou que "para que os motéis sejam competitivos e se consolidem na preferência dos hóspedes como uma opção, que reúne alta qualidade e preços atraentes, a Associação Brasileira dos Motéis – ABMotéis -, única representante do setor no país, orienta os seus mais de cinco mil associados a investirem na modernização de suítes e fachadas, cardápios, equipamentos e atendimento. E os moteleiros vêm fazendo isso.

Essa modernização, que reflete o novo momento da motelaria, se tornou essencial para que os estabelecimentos se diferenciem em um setor altamente competitivo. Em 2016, a perspectiva era de crescer 20% em faturamento, mas pelo cenário atual de crise a entidade observou que, em média, os motéis tiveram uma retração 10% a 15%. Já em 2017, o setor moteleiro apresentou uma leve retomada ao crescer 5% e em 2018, a perspectiva é manter a mesma previsão do ano anterior, contando com a situação econômica, política e reformas que estão por vir. Os novos motéis, que investem em ambientes com qualidade e serviços de hotelaria vão crescer a uma taxa média anual de 10%. 

 Com a escalada dos preços do entretenimento (restaurantes, bares, entre outros) os motéis vêm se destacando entre as possibilidades de programa por oferecer opções mais completas, que chegam a representar uma economia de cerca de 50%. Isso porque nos motéis, os clientes podem jantar um prato refinado elaborado por um chef, ter à disposição uma carta de bebidas de alta qualidade, desfrutar de tranquilidade privativa, assistir a um filme em HD (High Definition) e repousar, tudo sem entrar em seu automóvel e pagar um valet a cada etapa.”

Para quem quiser sair da rotina, vários motéis na capital mineira têm investido também na instalação de barras para pole dance e de equipamentos como cadeiras e poltronas eróticas

  

 
 

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